17 agosto 2013

Outras Estantes: Os Maias Revisitados - Parte 3


Se assinalam os 125 anos da sua edição(Os Maias) e uma iniciativa Expresso (Eça Agora) veio chamar a atenção para a obra e a efeméride. De facto, o conhecido semanário oferece o romance, em très edições consecutivas, a que se seguirão, em outras três edições, textos de seis escritores atuais que "trazem" Os Maias até 1973- e um sétimo e último volume sairá um estudo, sobre o romance, do reputado especialista queirosiano Carlos Reis.

Feitas duas perguntas aos escritores que trarão o famoso romance até à decada de 70 do século passado, e todos responderam ao inquérito- com exceção de Gonçalo M. Tavares, que se encontra em viagem.
Inquérito (Final)

É um dos seis escritores que irá "continuar" Os Maias, prolongando-o no tempo, de 1887 até 1973, anos da fundação do Expresso, nos termos dos objetivos do projeto "Eça Agora" desse semanário. Pergunta-se:

1. Considera realizável, para citar o projeto, " dar seguimento à narrativa de Os Maias, à altura de Eça? 

Clara Ferreira Alves   


Se não acreditasse que se podia fazer, não fazia. É ficção, e em ficção tudo é aceitável desde que feito com competência. Os Maias é um dos livros da minha vida, um dos livros responsável pelo facto de eu querer escrever como carreitra e profissão, e nesse sentido sinto-me honrada de integrar este projeto. Era irrecusável.
2. Pela sua parte, escreveu ou vai escrever a sua ficção de forma natural, como qualquer outra, ou entende tratar-se de um desafio particularmente difícil, que exigiu ou exige pelo menos "ousadia" para lhe responder? E qual o ângulo ou tom da sua abordagem, se já o tem e se pode saber?
Clara Ferreira Alves
E é sempre um desafio e particularmente difícil, para usar as mesmas palavras. Neste caso, tratando-se de um romance que me educou e me ensinou, a responsabilidade aumenta. Sou uma queirosiana confessa, inabalável. Sempre que releio Eça fico surpreendida por aquela escrita, aquele humor, aquela ironia e até aquela generosidade. As personagens de Eça são personagens que fazem parte da minha família espiritual, por isso tentei que na minha sequela não se perdessem completamente, não desaparecessem. Tentei honrá-las noutro lugar, noutro tempo. Não tenho um ângulo, tenho um tom, e colocar esse tom na afinação certa foi a minha preocupação. E foi o desafio, Uma queirosiana nunca pode ser anti-queirosiana. Seria abordagem mas não é a minha. De resto, tomei liberdades, porque entendo que a ficção é o território da liberdade, ao contrário do jornalismo, apenso a factos. 


Nota: Um dos princípios para Eça Agora prendeu-se com a cronologia. Cada escritor ficou com vários anos a seu cargo- 12,15 ou mais- iniciando-se a nova história em 1888 (Carlos da Maia tem 37 anos) e prolongando-se até 5 de janeiro de 1973, 

Fonte: JL nº 1117

Próximo post: Alguns tópicos de uma releitura

Post relacionado: 

Um comentário:

  1. O livro do Eças é realmente fascinante, merece com certeza o título de um dos maiores clássicos da Língua Portuguesa! Fiquei, portanto, bastante interessado em conhecer essa revisita, parece igualmente fascinante!

    Gostei muito do seu blog, estou seguindo!
    Quando puder fazer uma visitinha no meu, ficarei muito feliz em te receber!

    Abraços!

    Peças de Oito

    ResponderExcluir

© Retalhos no Mundo - 2013. Todos os direitos reservados.
Criado por: Roberta Santos.
Tecnologia do Blogger.
imagem-logo