31 maio 2011

Pensamento da semana:


"O entusiasta vence sempre o apático. 
Não é a força de braço, nem a virtude das armas,
mas a força da alma que alcança a vitória."


    Autor: MJohann G. Fichte

30 maio 2011

Bar Refaeli em produção sensual


28-05-2011
Na primeira produção depois de terminado o namoro com o actor Leonardo DiCaprio, a modelo israelita Bar Refaeli posou muito sensual para a edição de Junho da revista ‘GQ' alemã.
Após uma relação de cinco anos, o actor e a manequim decidiram pôr amigavelmente termo ao namoro e parecem ter refeito a sua vida sentimental.
Com efeito, DiCaprio tem sido visto com a actriz Blake Lively e a deslumbrante manequim israelita foi fotografada em clima de romance com um desconhecido em Berlim, na Alemanha



Fonte:Vidas

29 maio 2011

Arquivada queixa contra Mariah Carey


28-05-2011
O Departamento de Serviços Sociais e da Família de Los Angeles arquivou a denúncia contraMariah Carey, que era acusada de tomar bebidas alcoólicas quando ainda estava na maternidade onde deu à luz os gémeos.



Fonte: Vidas

20 maio 2011

Dor pélvica

Dores no baixo ventre põem ser um alerta de doenças no aparelho reprodutivo

A dor pélvica está sempre relacionada ao sistema reprodutivo e pode ser um sinal de alguma outra doença presente na região. Por isso qualquer desconforto ou dor no baixo ventre deve ser investigada pelo médico especialista, que recomendará a realização de exames.

Esse desconforto pode ser sentido na forma de cólica, aperto ou pontada. As causas são diversas, e entre elas pode ser a presença de um mioma, que são tumores benignos no útero, alterações vasculares no útero como a presença de varizes pélvicas, cistos de ovário e endometriose, que é, atualmente, a principal causa de dor pélvica nas mulheres que ainda se encontram na idade de reproduzir.

A dor aguda acontece de forma inesperada, e a crônica é aquela que já está presente há algum tempo. A dor pélvica pode acometer mulheres de qualquer idade e o tratamento depende da causa.

Se for endometriose, a cirurgia é indicada. Se for mioma, recomenda-se a retirada também através de cirurgia ou o tratamento com medicamentos.

No caso de varizes pélvicas, recorre-se a medicações analgésicas.

Por Yasmin Barcellos

19 maio 2011

Maratona de Banca - Mês de Maio/11


Uma Nova Vida
Ruth Langan
Romances Nova Cultural - Clássicos Históricos - Nº 147

 O caminho para o coração de uma mulher...

América do Norte - 1880

Isabella McCree queria ser amada. Por isso. trocou a existência solitária no Leste pela vida numa cabana nas montanhas com um marido de encomenda e seus filhos. Mas conseguiria superar seus segredos e tornar-se uma esposa de verdade?
Dedicado à arte de criar quatro filhos e domar cavalos selvagens. Matt Prescott já não sabia como cortejar uma mulher. Muito menos alguém como Isabella, linda e tímida. no entanto, em seus olhos azul esverdeados via força e sofrimento e sonho que, de algum modo, encontraria o caminho para o coração daquela mulher. 


Divisa da Califórni e Nevada - 1880
Izzy, na diligência, observando aquelas terras. Tudo pertencia a Matthew Prescott, seu futuro marido. Ao avistar a casa da fazenda se decepcionou,  não passava de uma cabana tosca.
Ao chegarem, o cocheiro lhe entregou a correspondência do Sr. Prescott  e partiu. Não havia ninguém para recebê-la, mas aos poucos começaram a chegar os habitantes daquela cabana. Três crianças diferentes entre si. Seriam os filhos de Matthew?  Um adolescente, os cães de caça e um adulto. Matthew  se apresentou e Izzyn entregou a correspondência deixada pelo cocheiro. e se apresentou: Sou Isabella McCree.
Intrigado queria saber o que ela fazia em sua fazenda. Ela respondeu-lhe estou aqui a seu convite, vim em resposta a sua carta.em que procurava uma esposa. Matt disse que voltasse para o lugar da onde veio. Izzy informou que impossível, visto que gastara todo dinheiro que conseguira para aquela viagem.
Entrando na casa para conversarem Izzy ficou estarrecida com a bagunça do lugar. Jantaram, e ela observou alguns modos grosseiros nas crianças  que não eram melhores do os dos cães.
Durante a conversa Matt afirmara que não mandara nenhuma carta, os dois estavam sem entender nada até que Aaron , o filho mais velho, confessou que mandara a carta. porque depois que mãe morrera suas vidas era pior do que dos cachorros e sua irmã precisa de uma mãe.
Sem saída, já não tinha como levá-la até a cidade a noite pediu que pernoitasse ali e que de manhã a levaria até a cidade para que pudesse ir embora. Izzy protestou alegando não possuir nada de seu e nem dinheiro.
Pai e filho conversam e Aaron tenta convencer o pai que talvez Izzy pudesse ficar. Matt  protestou dizendo que moça solteira não dormia no mesmo teto que ele. Assim,  ela dormiria em sua cama e ele no celeiro e daria um pouco de dinheiro.
Na cidade de Izzy a carta tinha sido motivo de chacota. Afinal, que mulher aceitaria o convite? Ela. E agora todos os sonhos de ter uma família fora por água abaixo. Matt não era nada do que imaginara, era rude, encontra um homem áspero que educava os filhos a base de espancamentos.
Matt no celeiro, lera uma das carta que recebera, a releu até decorar. Gostasse ou não, apesar de doloroso poderia retomar a sua vida. (De quem era a carta?) Na outra carta, a de Isabella McCree dizendo que aceitaria ser sua esposa, para uma nova vida juntos.
O pai conversou com seu filho Aaron, a respeito da carta, dizendo-lhe que pediria para Izzy ficar. Na  leitura da carta percebeu que seus filhos precisavam de uma mãe.
No quarto, Izzy tirou uma faquinha da bainha da cinta e colou sob o travesseiro.
Quando retornou a cabana, Matt aproximou-se da lareira  e jogou aquela 1ª carta. Não sentia nenhum pesar pela perda. Encaminhou-se até o quarto, e fez a proposta . Iam até o cidade e ele lhe daria o dinheiro ou procurariam o pastor para se casarem.
Estava na mão de Izzy decidir: retornar a vida de antes ou se arriscar ao lado daquele homem rude. Segurava a faca sob o travesseiro, depois que Matt saiu, largou a faca e ficou pensando. Ele teria mudado de idéia ou havia algo a mais com que se preocupar? Era casar-se ou voltar a vida que deixara. Prefiria morrer a voltar. Esperava que não concluisse mais tarde que a morte teria sido melhor.
No dia seguinte, Matt percebeu que ela estava mancando, ela informou que se machucara. No café anunciaram para as crianças que iam se casar. E foram todos para a cidade procurar o pastor.
Na volta, Izzy pensava: Era errado fingir ser alguém que não era? Estava a quilometros de distância de todos que a conheceram.
Agora, era a Srª Matthew Janison Prescott. Já no quarto, iria entregar-se de livre e espontânea vontade. Não por amor, mas numa tentativa de pertencer a alguém. Matt chegou todo sujo de sangue, pois acabara de estripar um cervo e foi se lavar e fazer a barba. Izzy o observava e ele percebeu. e acariciou seus cabelos e inalou sua essência feminina. Izzy estremeceu . Ele a mandou deitar, pois estava tremendo de frio. Matt percebeu estava aterrorizada. Ficou frustado, mas poderia esperar mais uma noite. Matt deitou-se, quando Izzy percebeu, ele já estava dormindo.
Nos dias seguintes, ou melhor nas noites, Matt tentou fazer amor com Izzy. Apesar das sensações, que até então nunca sentira na vida, Izzy sempre se retraía e Matt enfurecido ia dormir no celeiro. Inclusive, em uma dessas vezes, Matt pediu ao filho, Aaron, que fosse a cidade e pedisse que a diligência viesse buscá-la, mas o cocheiro não se encontrava na cidade e Aaron deixou o recado. Enquanto isso, Matt para controlar seus anseios, foi atrás de uma manada de cavalos selvagens para domá-los e vender para o Exercito e com o dinheiro fazer melhorias nas suas terras.
Enfim, o Exército veio buscar a sua manada. o Tenente Gideon Trowbridge  e um grandalhão com uma cicatriz no rosto, sargento Harlan Cutler.O sargento resolveu montar em um garanhão. Cruel, maltratava o animal com chicotadas violentas. Com uma ordem do Tenente desmontou, não sem antes dar uma chicotada e ao passar por Matt cuspiu-lhe na bota. E observou que havia uma mulher, que Aaron apresentou como esposa de seu pai.
O sargento a reconheceu, Izzy ficou paralizada. Ele lhe disse que chegar junto com Otis e perguntou-lhe se  ela ainda se lembrava dele e se ainda tinha a faca, recomendando a Matt tomasse cuidado com a prostituta de taverna que se achava boa demais para os homens e que ela não passava de uma solteirona aleijada e louca! Matt não aguentou e lutou com o sargento. Matt conseguiu derrotá-lo. ´
Retornando a cabana, Izzy foi cuidar dos ferimentos e contou a Matt toda sua história, da infância até a chegada dela ali(Bem, não contarei os detalhes, esperando que vocês leiam o livro). E nessa noite viraram marido e mulher tendo a sua 1ª noite de amor.
Num dia, Matt resolveu cortar árvores p/o novo cômodo antes que o inverno chegasse. Izzy e Del ficaram em casa e resolveram fazer bolo de maçã e pediu para Del ir até a dispensa subterranea apanhar maçãs.
Quando Del voltou não estava sozinha, o sargento Cutler a mantinha presa em seus braços( já imaginava que ele não deixaria barato, e vocês?) ameaçando fazer mal a menina e a ela . Com todo cuidado, conseguiu convencê-lo a levar-lhe e deixar a menina para informar ao pai que Izzy estava em seu poder.
Quando Matt retornou ficou possesso e foi ao encalço do sargento Cutler.
Izzy conseguiu deixar algumas pistas, o que facilitou Matt a encontra-los. Durante a luta entre os dois, Izzy esfaqueou o sargento matando-o.
Já na cabana, contando o ocorrido as crianças perceberam a diligência chegar trazendo uma mulher: ou melhor a mulher de Matt. Izzy foi para a cidade ficando na casa da Srª Gertrudes Sutton que lhe contou alguns fatos sobre a mulher de Matt (que novamente não revelarei).
Izzy adormeceu e acordou com Matt em seu quarto. Foram até a rua aonde estava a diligência com a mulher de Matt que iria embora para sempre.
Matt pediu perdão para Izzy e implorou para ela voltar para casa e tirou uma aliança de ouro do bolso e a beijou.
No caminho de volta começou a nevar, sinal que ficariam muito tempo dentro de casa e poderiam aumentar a família.
Nascia assim, Isabella Prescott, esposa, mãe, professora e amante, e mudara a própria vida e de sua nova família.
PS: Desculpe, por não contar os detalhes da vida de Izzy e da mulher de Matt, mas e para deixar vocês com curiosidades de descobrir o motivo dessas mulheres.

Quartas de Final - Copa de Literatura de 2011

JOGO 12 – Elza, a garota x O livro dos mandarins



http://www.copadeliteratura.com.br/

TPM

A prática de um programa de exercícios pode ajudar a diminuir os incômodos da tensão pré-menstrual.

Pesquisas médicas dão conta que cerca de 80 % das mulheres sofrem com algum tipo de sintoma da TPM, como variações do humor, crises de choro, fadiga, ansiedade e dores de cabeça.

Para ajudar a mulher a enfrentar a tensão pré-menstrual, vários médicos garantem que a atividade física é fundamental no combate aos incômodos da TPM.

Isso pode ter relação com a liberação de endorfinas durante a prática de qualquer tipo de exercício físico.

É que a TPM pode ser considerada como uma espécie de depressão e as endorfinas são hormônios que ajudam a combater dores e geram uma sensação de bem-estar, o que amenizaria os sintomas da tensão pré-menstrual.

Por Marco de Cardoso

Retalhos no Mundo:
Você sofre com a TPM?

18 maio 2011

Olheiras

Estresse, cansaço e alterações hormonais podem provocá-las

As sombras que costumam aparecer abaixo dos olhos estão associadas geralmente a noites maldormidas, mas o estresse, o cansaço físico e emocional, alterações hormonais e Tensão Pré Menstrual (TPM) também podem provocar o seu aparecimento.

Não há ninguém que não se sinta incomodado pelos olheiras. Elas dão peso a expressão e causam impressão de cansaço e desleixo. Seu aspecto escurecido ou avermelhado é provocado pelo depósito de melanina na região, pela dilatação dos vasos sanguíneos ou pela congestão vascular. Existem também olheiras que aparecem quando a região abaixo dos olhos é mais funda que o normal, formando uma sombra.

A melhor maneira de preveni-las é adotar uma vida saudável, com alimentação balanceada, atividade física regular e oito horas de sono por noite. Mas quando surgem, podem ser amenizadas com compressas frias de chá de camomila, cosméticos com ativos despigmentantes e peelings clareadores.

Quando o quadro é mais complexo, pode-se indicar preenchimentos e até mesmo uma cirurgia plástica.

Por Yasmin Barcellos



17 maio 2011

Couve

Conheça os inúmeros benefícios desse vegetal para a sua saúde

A couve é um vegetal rico em cálcio, fósforo e ferro, minerais importantes à formação e manutenção de ossos e dentes e à integridade do sangue. Contém ainda vitamina A, indispensável à boa visão e à saúde da pele; e vitaminas do complexo B, que tem por funções proteger a pele, evitar problemas do aparelho digestivo e do sistema nervoso.

Esta hortaliça também é laxante, pois possui grande quantidade de fibras, e é boa para a asma e bronquite. Além disso, a couve é excelente para combater as enfermidades do fígado, como a icterícia e os cálculos biliares, assim como os cálculos renais, as hemorróidas, e as menstruações difíceis ou dolorosas.

Em suco, é um tônico excelente, muito recomendado às crianças em fase de desenvolvimento. O caldo da couve cozida é indicado nas enfermidades da pele. Ela dissolve também os cálculos, combate a artrite, desinfeta o intestino, cura as úlceras gástricas e é ótimo no combate aos vermes.

Para uma boa compra é só verificar se as folhas estão bem verdes e sem marcas de picadas de insetos. Folhas amarelas indicam que a hortaliça está velha.

Por Yasmin Barcellos

16 maio 2011

Tecnobrega: a nova música brasileira tipo exportação

A mistura de ritmos folclóricos do Pará com música eletrônica se tornou a bola da vez em clubes e festas da Europa e dos Estados Unidos, acompanhando uma onda de pesquisas por músicas produzidas em periferias

Por Rodrigo Levino

Organizados em pequenos selos musicais e produtoras de festas, DJs americanos e europeus promovem uma espécie de intercâmbio de novos gêneros musicais

Em dezembro de 2009, o DJ inglês Lewis Robinson, de 44 anos, se embrenhou no mercado de Ver o Peso, em Belém do Pará, para descobrir o que era o tecnobrega. “Fiquei espantado ao encontrar uma música brasileira que não é excessivamente polida como a bossa nova”, diz ele. Referir-se ao tecnobrega como "não excessivamente polido" é uma forma muito mais do que polida de descrever essa mistura tóxica de carimbó, brega dos anos 70, calipso e música eletrônica. Mas Lewis queria isso mesmo. Levou para casa, em Londres, dezenas de discos e passou a alimentar com eles a festa BatMacumba, que produz mensalmente em Nothing Hill, na capital inglesa.

Não só as noites londrinas são abaladas pelo tecnobrega. Em Nova York, Paris ou Montreal é possível escutar as suas batidas. O gênero está definitivamente em ascensão entre os DJs. Seus expoentes são artistas como Wanderley Andrade e Banda Calypso, que fazem o tecnobrega "clássico", e Waldo Squash, Maderito e Gaby Amarantos, que praticam uma variação mais recente e ainda mais encorpada da música paraense, batizada de eletromelody.

Conhecida como Beyoncé do Pará por causa das formas voluptuosas, Gaby Amarantos gravou há pouco um single que já faz algum sucessso em clubes da Europa O que ela canta, com timbre indomável e sintetizadores estridentes, é uma versão de Águas de Março (morra, bossa nova, morra!). “Só falta agora cantar no exterior”, diz Gaby. Não deve demorar.

World Music 2.0 – O single de Gaby Amarantos foi lançado por um selo alemão de música eletrônica. A produção ficou a cargo do DJ carioca João Brasil, que tem agenda nos próximos três meses na Alemanha, em Portugal, na Suíça e na Áustria. João – ao lado de outros nomes, como Chico Dub e Patrick Torquato – é um integrante brasileiro do movimento de DJs e produtores nomeado Global Guettotech ou World Music 2.0 (a contraparte eletrônica daquele gênero que congrega tocadores de bongô caribenhos e flautistas andinos).

Organizados em pequenos selos, dezenas de DJs canadenses, americanos, alemães, holandeses e ingleses promovem uma espécie de intercâmbio de funk, tecnobrega, kuduro, guarachero, calipso, merengue e cumbia, gêneros musicais produzidos em países como Brasil, Colômbia, México, Angola, Costa do Marfim e África do Sul. Oriundas de países que muitas vezes sequer tem indústria fonográfica estabelecida, as músicas são “traficadas” por meio de CD caseiros, pen drives e sites de download gratuito. Em menor escala, música dos Bálcãs e da Ásia é arrolada no esquema de troca.

Trocando informações por e-mail, redes sociais e blogs, os DJs e produtores organizam viagens para pesquisar novos ritmos “periféricos” e, ao voltarem para os seus países de origem, criam novas versões dessas músicas, combinando-as com house, techno e dubstep. A partir disso, mudam-se até os nomes. O merengue, ritmo típico da República Dominicana, se transformou em merengue street nos clubes de Amsterdam quando remixado com tecno e reggaton, este de origem jamaicana.

No Brasil, a garimpagem dos estrangeiros começou há alguns anos. O primeiro “achado” foi o funk carioca, que DJs como o americano Diplo e o já mencionado Lewis Robinson trataram de divulgar. O funk está perdendo espaço para o tecnobrega porque esse é mais fácil de dançar. “Quando eu toco tecnobrega em festas na Europa, percebo que as pessoas dançam mais. O funk é agressivo por natureza, os estrangeiros gostam mas não sabem direito como se mexer”, diz João Brasil. Mas ainda há interesse pelo gênero dos morros cariocas. Em fevereiro deste ano, o DJ americano Al Doyle foi detido por policiais durante uma visita à favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. “Eles não acreditaram que eu estava procurando discos de funk”, escreveu Doyle no Twitter pouco depois de ser liberado.

Dance, dance, dance – A troca de músicas entre os DJs e os produtores gerou um circuito de festas temáticas em três continentes. As características comuns a esses eventos são a mistura de música eletrônica tradicional com ritmos locais, quase sempre sincopados, dançantes e com coreografias de forte apelo sexual.

Certamente não era nisso que estava pensando o compositor alemão Karlheinz Stockhausen, em suas experimentações pioneiras com a eletrônica, no final dos anos 40. A música eletrônica nasceu assim: como uma das vertentes mais cerebrais da composição erudita. E ela conservou essa característica por um bom tempo, mesmo depois de entrar na corrente sanguínea do pop. Basta lembrar dos discos do também alemão Kraftwerk.

Hoje em dia, no entanto, a música eletrônica é o contrário do que era ao nascer. Dos primórdios, só guardou a ideia dos “loops”, as repetições de batidas ou frases musicais. Mas com um único objetivo: fazer dançar. Ela é, em resumo, música de festa. Quem frequenta as festas na Europa e nos Estados Unidos, pode ter um pouco de “curiosidade antropológica”. No Leblon, ouve-se funk com uma certa ironia. Mas tanto a curiosidade antropológica quanto a ironia se acabam na pista. Nas pistas de tecnobrega, aliás, a música eletrônica completa o seu trajeto: de cerebral, a totalmente descerebrada. Ou será que ainda dá para ir além?

A bossa nova ainda é o gênero musical brasileiro mais exportado. Pontualmente, cantores e grupos venceram a barreira da língua e fizeram relativo sucesso no exterior. Em alguns dos casos, mais por excentricidade do que por talento.

1. Kaoma

Foi o grupo responsável por espalhar na Europa, principalmente na França, a epidemia da lambada. Com a insuportável Chorando se Foi, Kaoma permaneceu por dois anos, entre 1989 e 1991 entre as mais tocadas pelas rádios francesas.

2. É o Tchan
Em 1998, o festival de jazz de Montreaux, um dos mais tradicionais do gênero, arruinou a sua reputação ao escalar um dos piores grupos de música já surgidos no Brasil e seus hits como Tira e Bota, Ariga Tchan e Pega no Bumbum. Além, claro, das rebolativas e seminuas dançarinas.

3. Chico César

Em 2003 o cantor alcançou o primeiro lugar nas paradas européias na categoria World Music, um gênero que comporta sem problemas rimas como ‘Mama África, a minha mãe é mãe solteira / e sabe fazer mamadeira / todo dia’. Ele também se apresentou no concorrido festival inglês Reading.

4. Deize Tigrona

Apadrinhada pelo produtor e DJ americano Diplo e pela cantora britânica MIA, Deize excursionou pela Europa em 2008 cantando (?) pérolas do cancioneiro dos morros cariocas como Injeção e Bandida

5. Gaby Amarantos

A versão de Águas de Março, imortalizada por Tom Jobim e Elis Regina ganhou uma versão estridente e frenética da cantora paraense. A música já toca em clubes noturnos da Inglaterra e da Alemanha

Fonte:
Veja: Edição da semana (nº 2217 - 18 de maio de 2011)

Retalhos no Mundo:
Você curte tecnobrega?

15 maio 2011

Filhos, um difícil teste para o casamento

Pais e mães recorrem a psicoterapia e cursos para evitar que o bebê, fonte de alegria familiar, se transforme em uma bomba-relógio para o casal

Por Nathalia Goulart

Com 37 anos de profissão, o ginecologista e obstetra Alberto D’Auria assistiu, na última década, a uma mudança entre suas pacientes – e maridos: a explosão do número de casais que balançam com a chegada dos bebês. A constatação levou o médico a intensificar uma orientação. "Atualmente, encaminho metade das minhas pacientes para a terapia, seja a individual ou a de casal. Isso não acontecia antes", diz o especialista, da Maternidade Pro-Matre Paulista. A nova orientação é uma tentativa de dar solução ao problema antigo. O rebento traz alegria e satisfação, mas com ele vêm também trocas de fraldas, choros prolongados, noites mal dormidas e gastos adicionais.

Segundo os especialistas, embora antiga, a "crise da cegonha" vem se tornando mais visível e aguda devido às mudanças ocorridas na vida das mulheres a partir da segunda metade do século XX – especialmente, sua entrada em massa no mercado de trabalho e a crescente autonomia em relação aos homens. Agora, elas tendem a optar pelos filhos quando suas carreiras já deslancharam. E, ainda assim, muitas vezes, relutam em fazê-lo. Por isso, têm dificuldade em se adaptar às transformações que um filho pequeno exige, como permanecer em casa por vários meses, se desligar do trabalho e restringir as atividades sociais. "Se indagássemos mulheres há 20 ou 30 anos, elas teriam vergonha de assumir que o filho era, de alguma forma, motivo de insatisfação", diz Renay Bradley, diretora do Relationship Reasearch Institute, organização americana sem fins lucrativos que se dedica ao estudo do assunto. "Elas eram criadas para se sentir felizes com o nascimento de um herdeiro. Era proibido negar essa felicidade."

É fácil entender por que a equação do casamento é desbalanceada com a chegada de um filho. Basta considerar o valor de algumas variáveis. Segundo recente estudo do Relationship Research Institute, dois terços dos casais sentem que a qualidade de seus relacionamentos piora nos três anos que se seguem ao nascimento do bebê. Somem-se a isso dados de duas pesquisas também americanas. Segundo a Universidade do Estado de Ohio, após o nascimento, os pais passam a ter apenas um terço do tempo que costumavam dedicar à relação amorosa antes da gravidez e, de acordo com a Universidade de Maryland, as despesas com a crianças explodem o orçamento familiar: alta de 300%.

Médicos e hospitais se mostram cada vez mais atentos às crises conjugais detonadas pelo nascimento de um filho. O Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, criou uma escola para pais, com ciclos de debate sobre temas relacionados à criação dos filhos. Entre os assuntos abordados, estão as alterações no relacionamento de marido e mulher. "A ideia é atrair o homem para essa conversa. Quando ele se envolve, passa a cobrar menos e a colaborar mais com a mulher. Tudo fica mais fácil", diz Germana Savoy, psicoterapeuta do hospital.

As inevitáveis transformações no corpo da mulher nesta fase também trazem insegurança e instabilidade ao casamento. É exatamento o que viveu a dona de casa Bianca Paiva, de 32 anos: "Vi meu corpo se transformar e não me sentia confortável com isso. Deixei, então, de ser mulher e passei a ser apenas mãe." A insatisfação se refletiu no casamento. A qualquer sinal de aproximação física por parte do marido, o empresário Filipe, de 33 anos, Bianca se esquivava. "Levou cerca de um ano para que voltássemos a nos relacionar como fazíamos antes da chegada de nossa primeira filha, Melissa", conta Bianca. 

Passados sete anos do nascimento de Melissa e cinco da chegada da segunda filha, Manuela, Bianca e Filipe consideram que os obstáculos impostos pela maternidade (e também pela paternidade) foram superados. Para o casal, foi o diálogo que permitiu a estabilização do casamento. Especialistas podem ajudar nesse momento. Obstetras, por exemplo, acompanham a gestação de perto e ficam ao lado da mulher nas primeiras semanas após o parto. São capazes de identificar as queixas de ambas as partes – e orientar o casal a buscar ajuda especializada, como a do terapeuta.

Foi a essa ajuda que recorreu a administradora de empresas Joana, de 48 anos – que prefere não revelar seu verdadeiro nome. "Após o nascimento de meu filho, passei a dispor de poucas horas de lazer. Minhas responsabilidade como mãe impunham restrições a mim. Isso me frustrava", conta. A frustração era transferida para o companheiro. "Quando via que meu marido se divertia, saindo com amigos, por exemplo, me sentia ofendida. Como ele podia se divertir enquanto eu sofria em casa?" Finalmente, quando a ideia do divórcio cruzou a mente de Joana, ela decidiu buscar a terapia. "Aos poucos, fui buscando formas aliviar o stress e lidar com as mudanças dentro de casa." A solução encontrada pelo casal foi retomar as atividades a dois: jantares, cinema e muita, muita conversa.

"O nascimento de um filho suspende parte dos sistemas que sustentam um casamento. É preciso saber lidar com as mudanças, porque elas são temporárias", diz Marli Sattler, psicóloga e terapeuta de casal e família. É a receita para evitar que o bebê – aguardado com grande expectativa e fonte de alegria para toda a família – se transforme em uma bomba-relógio para o casal.

(Com reportagem de Natalia Cuminale)

Fonte:
Veja
Edição da semana (nº 2217 - 18 de maio de 2011)

Retalhos no Mundo:
Realmente a emancipação das mulheres, talvez tenha atrapalhado um pouco papel da mulher como mãe. Antigamente, elas se dedicavam integralmente ao lar, hoje temos carreira, ambições maiores, vida social as vezes muito ativas, além de optarmos ter filhos mais tarde, quando tudo já está esquematizado. E uma criança, não é uma boneca, que quando cansamos de brincar, colocamos de lado.
A maternidade tem, nos dias de hoje ser bem planejada, associar todas as mudanças que poderão ocorrer,
dedicação 24 horas, noites mal-dormidas, mudanças corporais. E talvez a colaboração do marido, apoiando, ajudando nas tarefas e dando atenção no nosso lado mulher, com paciência e bom humor.

07 maio 2011

1954: Queda de Dien Bien Phu

                                                                                      No dia 7 de maio de 1954, a guerra do Vietnã terminou para os franceses. Após oito semanas de sítio e fogo cerrado, as tropas francesas capitularam em Dien Bien Phu.

 
Após a fundação da União Indochinesa, no final do século 19, a França aproveitou os conflitos regionais e expandiu o seu domínio colonial a uma grande parte do Vietnã atual, ao reinado vizinho do Camboja e ao Laos. Porém, já na virada do século, aumentava entre a pequena elite cultural vietnamita a resistência contra a colonização sistemática.
 Nos primeiros 40 anos do século passado, os franceses ainda conseguiram controlar uma população de 18 milhões de pessoas. Quando, em novembro de 1940, uma rebelião dos comunistas foi reprimida de forma sangrenta no sul do Vietnã, fundou-se então a Liga para a Independência do Vietnã, conhecida como Viet Minh, com participação decisiva do líder revolucionário e posterior chefe de Estado Ho Chi Minh.
Da resistência ao conflito armado
Foi só uma questão de tempo, até que estourasse o conflito aberto entre a reivindicação de direito dos franceses sobre a "sua" colônia e a aspiração de independência do Viet Minh. Em novembro de 1946, quando tropas francesas bombardearam a cidade portuária de Haiphong, no norte do Vietnã, o Viet Minh começou a resistir com mão armada ao domínio colonial francês, em todo o país.
Apesar do apoio financeiro e logístico dado pelos EUA às tropas francesas, a partir do início de 1950 o Viet Minh já controlava cerca de dois terços do território vietnamita no final daquele ano. 
No começo de 1954, 12 mil soldados franceses de uma tropa de elite foram cercados na região montanhosa e isolada perto de Dien Bien Phu, no norte do Vietnã, pelas forças muito mais numerosas do Viet Minh. Apesar disso, o comandante-em-chefe francês Navarre acreditava que conseguiria vencer uma batalha decisiva.
Situação agrava-se 
Em março de 1954, quando o Viet Minh intensificou seus ataques e as tropas francesas só podiam ser abastecidas através de paraquedas, Paris e Washington se conscientizaram da crise. O presidente norte-americano Eisenhower e seu secretário de Estado não queriam aceitar a derrota dos franceses. Contudo, um ataque aéreo teria provocado uma intervenção chinesa.
O presidente Eisenhower ressaltou diante da imprensa internacional, em 7 de abril de 1954, a gravidade da situação e a importância da Indochina para o seu país. Nessa entrevista, ele denominou de teoria do dominó a avaliação política exterior do conflito com o comunismo, em vigor na estratégia governamental americana desde 1950.
Eisenhower almejava uma coalizão dos EUA, entre outros, com o Reino Unido, a França e a Austrália, a fim de defender o Vietnã e todo o Sudeste da Ásia contra o comunismo. Porém, tais planos não encontraram apoio. Ele rechaçou, por sua vez, uma ação unilateral dos americanos, assim como uma intervenção somente ao lado dos franceses. A seu ver, os Estados Unidos ficariam então muito identificados com a política colonial francesa aos olhos da opinião pública mundial.
Selou-se assim o destino das tropas francesas em Dien Bien Phu, cuja derrota foi anunciada em Washington, no dia 7 de maio de 1954, pelo secretário de Estado norte-americano John Foster Dulles:
 "Há algumas horas, caiu Dien Bien Phu. Sua resistência de 57 dias entrará na história como um dos maiores atos de heroísmo de todos os tempos. Os franceses e as forças nacionais de defesa impingiram graves perdas ao inimigo. Os soldados franceses provaram que estão dispostos e aptos à luta, mesmo sob as piores condições. O Vietnã provou que tem soldados com a capacidade necessária para defender o seu país."
A queda de Dien Bien Phu marcou não apenas o fim do domínio colonial da França no norte do Vietnã, mas também o começo da retirada francesa de toda a Indochina.
Michael Kleff (am)
DW-World.DE

Beyoncé lança música 'God bless the USA'

"God bless the USA" é o nome da nova música da cantora Beyoncé. A faixa foi escrita por Lee Greenwood e estreou na "CNN" esta semana.  Toda a verba arrecada com a música será revertida em prol das vítimas dos ataques de 11 de Setembro de 2001. ""Eu não consigo pensar em uma maneira mais apropriada para ajudar essas famílias. Mesmo dez anos depois da tragédia, o 11 de setembro ainda é um assunto muito doloroso para todos os americanos, especialmente para aqueles que perderam entes queridos", diz a cantora.
A música já havia sido apresentada na época da campanha eleitoral de Barack Obama, mas agora ela é lançada oficialmente. Na música, Beyoncé canta  que "agradeceria às minhas estrelas da sorte por estar vivendo aqui hoje, porque a bandeira ainda se levanta pela liberdade e eles não podem tirar isso". Na letra, ela diz ainda que tem orgulho de ser americana.
Redação SRZD | Música | 06/05/2011 19h42

05 maio 2011

"O cristianismo irrita muita gente"

Em 11.07.07

Para Hans Küng, a religião hoje é novamente um fator de poder. Existe uma grande afluência ao islã e ao budismo, mas não ao cristianismo. Em entrevista à DW-WORLD.DE, o polêmico teólogo suíço aponta os motivos.

DW-WORLD.DE: Temas religiosos novamente despertam um enorme interesse das pessoas, não só na Alemanha. Pode-se falar de um retorno das religiões?

Hans Küng: Retorno das religiões – isso é uma expressão ambivalente. A religião nunca havia sumido. Como a música, a religião é algo que permanece, mesmo que por um certo tempo seja suplantada. É certo que, desde o ressurgimento do islã, desde a fundação da República Islâmica do Irã em 1979, os europeus se conscientizaram de que não determinam o mundo sozinhos. Durante muito tempo, a Europa secularizada não percebeu que é um caso especial e que a religião em outros lugares é um poder.

"Não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões! Não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões." Essas são duas frases centrais do princípio do etos mundial, elaborado pelo senhor. Na era da globalização, há possibilidades inimagináveis de comunicação via internet. Esse desenvolvimento pode melhorar o diálogo entre as religiões?

Em princípio, eu diria que sim, mesmo que isso implique uma série de problemas. É positivo que hoje possamos estar bem informados sobre outras religiões. Uma outra questão naturalmente é se se pretende estar informado. Há pessoas que não o querem, que já sabem tudo antes, sem que tenham estudado o islã.

Quem não quer saber isso?

Por um lado, são os cristãos fundamentalistas, que seguem literalmente a Bíblia e dizem que não precisam das outras religiões. Mas podem ser também pessoas muito secularizadas, dogmáticos do laicismo. Estes já coram quando simplesmente se fala a palavra religião, e acham que sobre isso não se precisa falar na escola. Eles têm dificuldade com o fato de que a religião novamente representa um fator de poder na história mundial.

De acordo com uma pesquisa representativa, o cristianismo não é mais a religião mais simpática aos alemães e, sim, o budismo. Como o senhor interpreta isso?

O budismo é visto no Ocidente como uma religião livre de dogmas, sem muitas prescrições. Trata-se de uma religião voltada para dentro, que dá importância à meditação, que não tem uma imagem demasiado antropomorfa, concreta, da última realidade. O outro fato é que o cristianismo, com sua concentração de poder, irrita muita gente.


Quando temos um papa que aparece o tempo todo, que, como senhor espiritual do mundo, tem a pretensão de que só quem está com ele é um cristão verdadeiro, que somente sua Igreja Católica Romana é a verdadeira igreja, então isso irrita muitas pessoas. E, mesmo que não protestem publicamente, elas se afastam e dizem que não querem ter nada a ver com isso.

Voltemos ao islã. Na pergunta sobre a "religião mais pacífica", o budismo lidera com 43% contra 41% do cristianismo. O islã fica com apenas 11% nesse ranking. O islã é uma imagem do inimigo no Ocidente?

Sim, o islã representa sem dúvida uma imagem do inimigo no Ocidente, visto que o Ocidente só se concentra em determinados pontos do islã. Isso já vale para a história. Os europeus o vêem sob o ponto de vista do avanço do islã do norte da África até a Espanha entre os séculos 8º e 15 e do domínio otomano nos Bálcãs. Mas não se vê nesse contexto que os cristãos não só realizaram as cruzadas, como também colonizaram todo o mundo islâmico, do Marrocos até as ilhas da Indonésia, no século 19.

Daí surgem tensões, muitas das quais o Ocidente não resolveu até hoje. Isso vale sobretudo para as relações entre os palestinos e Israel. Se tivesse sido feito um acordo de paz após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, nunca teria surgido um Bin Laden, nem teriam ocorrido os ataques ao World Trade Center em 2001.

Em vez disso, propagou-se a sensação de que os ocidentais se fixam inclusive na santa Arábia, se instalam no Afeganistão, avançam em todo lugar, de modo que se formam resistências. Obviamente temos de condenar homens-bomba e atentados. Mas é preciso refletir por que tantos jovens estão tão desesperados a ponto de se colocarem à disposição para tais atentados.

A Igreja Católica poderia contribuir mais para a solução desses conflitos e para o diálogo entre as religiões?

É preciso dizer que João Paulo 2º rejeitou claramente a guerra no Iraque, como também o fizeram o patriarca de Moscou, o arcebisto de Canterbury, o Conselho Mundial das Igrejas e o Conselho das Igrejas Norte-Americanas. Não é mais tão fácil entusiasmar as Igrejas para a guerra como era antigamente. Obviamente poderia ser feito mais, sobretudo em termos de esclarecimento.

Se o papa quis classificar o islã como religião violenta, em seu discurso em Regensburg, então ele mesmo notou que esse é o caminho errado. É preciso pensar nos rastros de sangue que os cristãos deixaram na história. Daí se será modesto e não se dirá, "nós temos a religião do amor e eles uma religião do ódio". Também a maioria dos muçulmanos no Egito, no Marrocos e no Afeganistão ou Paquistão quer paz, como eu e você.

O senhor acredita que o papa vê o discurso que fez em Regensburg como um erro? Não se tem necessariamente a impressão de que ele tenha se distanciado claramente do que disse.

Ele notou sim que foi um erro e teve de engolir muita crítica. Ele corrigiu seu discurso diversas vezes. Naturalmente é muito difícil para os romanos, e também para o bispo de Roma, o papa, admitir um erro. Quando se tem uma ideologia da infalibilidade também se comete erros infalíveis, que naturalmente não se pode corrigir. Mas foi evidente que o papa, em sua viagem à Turquia, fez um grande esforço para apagar a má imagem que obteve com o discurso de Regensburg.

Mesmo que o islã na Europa seja visto com ceticismo, mundialmente ele tem uma grande atratividade para muitas pessoas, principalmente para os jovens. Há 1,3 bilhão de muçulmanos e a tendência é que esse número aumente. De Rabat (capital do Marrocos) a Damasco há grupos políticos islâmicos que se tornam cada vez mais fortes. A que se deve isso? Os motivos são religiosos ou sociais?

Ambos. São grupos religiosos que se empenham pelas pessoas. Muitos muçulmanos nesses países têm a sensação de que as elites governantes têm uma vida própria e pouco se importam com o povo. Os grupos fundamentalistas islâmicos – ou como se queira chamá-los – se esforçam muito para fazer algo pelas pessoas. Eles providenciam escolas e educação, dão roupa e alimentação.

Por que o Hamas venceu as eleições? Porque ele se empenhou pelas pessoas. Uma das maiores tolices da política ocidental – aliás, corroborada pela política alemã – foi não reconhecer essas eleições democráticas. Em vez disso, se adverte: vocês precisam reconhecer Israel! Diga isso a pessoas que há décadas são terrorizadas por uma potência de ocupação. Não é dessa forma que se resolvem problemas. Deve-se reconhecer que há partidos que, sob determinadas circunstâncias, têm o islã como base, mas se empenham pelas pessoas.

Um exemplo melhor é o partido do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, na Turquia. Por que eles venceram? Porque eles se empenharam pelas pessoas. Apesar de todas as fraquezas que eles têm, mostraram que conseguiram avanços enormes para o país e de forma alguma criaram um Estado islâmico como o Irã. Eles querem uma democracia, mas também não querem degradar o islã unicamente à esfera pessoal, como aconteceu sob [Mustafá Kemal] Atatürk, fundador do país.

O senhor certa vez classificou a Turquia como "laboratório da democracia". É possível conciliar fé, religião com democracia?

A religião pode conviver com a democracia. Os principais arquitetos da unificação européia, de Charles de Gaulle e Konrad Adenauer a Robert Schuman e Alcide de Gasperi, eram cristãos praticantes. O fato de o islã no momento ter mais problemas com a democracia do que com o cristianismo, se deve a que, no islã, ao contrário do que ocorreu no cristianismo e no judaísmo, não houve Reforma e Iluminismo – à exceção de alguns círculos. Quem pretende ajudar ali precisa apoiar as forças moderadas e isolar os radicais. A maior tolice é enfrentar essa gente com exércitos. Isso é tão estúpido quanto seria enfrentar a máfia com aviões de combate.

Até que ponto deveria ir então a disposição para negociar com as forças radicais? Seria necessário negociar também com o Talibã e a Al Qaeda?

Com a Al Qaeda você não pode negociar. Isso é uma organização terrorista secreta, que só se pode exaurir. Mas o Ocidente os regou tanto que eles puderam brotar. Os serviços secretos norte-americanos admitiram recentemente, em documentos sigilosos, que a guerra no Iraque ajudou a Al Qaeda. Antes não havia Al Qaeda no Iraque. Com o Talibã, com certeza, se poderia negociar. Eles não são todos loucos. Também lá há extremistas, mas, por outro lado, há entre eles os que advertiram a administração Bush para o 11 de Setembro. Não se levou isso a sério. Houve líderes de clãs no Afeganistão que advertiram contra uma intervenção militar no país.

Para concluir, uma pergunta pessoal: no dia 12 de setembro, o senhor apresenta a sua autobiografia Umstrittene Wahrheit (Verdade Controversa). Fazendo um balanço do seu trabalho sobre etos mundial, o senhor ainda o vê com tanto otimismo como em 1990, quando escreveu o livro sobre o assunto?

Quando escrevi o livro em 1990 tinha-se naturalmente a esperança de que futuramente não se resolveriam problemas com meios militares, agressões, inimizades e guerra e, sim, através da compreensão mútua, da cooperação e da integração – como havia ocorrido no Leste e no oeste da Europa. Isso lamentavelmente foi transtornado pela política desvairada iniciada pela segunda administração Bush, com a ajuda de uma clique de intelectuais judeus ultraconservadores, os assim chamados neocons, e fundamentalistas protestantes.

Não sou inimigo e, sim, um amigo dos americanos. Espero que, apesar desse retrocesso resultante da política de Bush Jr., na América se lembre da grande tradição democrática do país e se tente ser potência líder no sentido da compreensão, da moderação e da paz mundial.

Doeu-lhe o fato de o papa Bento 16 não ter aceito sua idéia do etos mundial?

Em princípio, ele aceitou a idéia. Ele também entende que é preciso haver padrões éticos comuns. Ele admitiu na conversa comigo que estes padrões devem valer na mesma medida tanto para crentes quanto para não-crentes. Era de se esperar que ele pessoalmente encampasse de forma clara essa idéia. Mas, o que ainda não ocorreu, talvez ainda possa acontecer.

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O teólogo católico e crítico da Igreja, Hans Küng, ganhou fama como um precursor do diálogo entre as religiões e como fundador do projeto Etos Mundial. Em 1979, o Vaticano cassou-lhe a licença para lecionar Teologia por ter colocado em dúvida a infalibilidade do papa. Em 2005, ele foi recebido por Bento 16 para uma conversa.

Steffen Leidel (gh)

Comentário:
O que você acha das posições defendidas por Hans Kumg?

04 maio 2011

Teólogo alemão Hans Küng questiona beatificação de João Paulo 2°

O teólogo alemão Hans Küng critica a beatificação de João Paulo 2°, afirmando que isso implica, na verdade, a beatificação de uma política eclesiástica reacionária.

Milhares de pessoas presenciaram no Vaticano neste domingo (01/05) a missa celebrada pelo papa Bento 16 para a beatificação de seu antecessor, João Paulo 2º, falecido em 2005. Essa foi a penúltima etapa no reconhecimento do papa polonês como santo pela Igreja Católica.

Teólogo e filósofo Hans KüngEm entrevista à emissora Deutschlandfunk, o teólogo alemão Hans Küng criticou o papa João Paulo 2°, classificando-o de intolerante, reacionário e sem disposição para o diálogo. O teólogo, que foi proibido de lecionar teologia católica em 1979 por João Paulo 2°, afirma na entrevista "não entender como se pode beatificar tal homem, como se pode fazer dele um exemplo para a Igreja".

Küng também criticou a violação do direito canônico devido ao desrespeito dos prazos de beatificação por parte da Santa Sé.

Jürgen Zurheide: Em primeiro lugar, o senhor mesmo está bastante cético e criticou a rápida beatificação de João Paulo 2°. Quais são os seus principais motivos?

Hans Küng: Não nego que ele tenha sido um homem de caráter, um pioneiro da lutas e dos direitos humanos e que tinha muitos lados positivos. Mas, por outro lado, pairam tantas sombras sobre essa pessoa e seu pontificado, que eu não concordo de maneira alguma com sua beatificação.

Ele praticava uma política interna autoritária. Com essa beatificação, está sendo beatificada uma determinada política eclesiástica reacionária restaurativa. Aconteceram também, nesse contexto, diversas violações do direito canônico. Todos os prazos previstos foram colocados fora de vigor, tudo sempre através do privilégio papal, o que é um sinal de que ainda temos um absolutismo medieval. Houve uma múltipla traição ao Concílio.

Se comparar com o grande slogan do aggiornamento – como se chamava antigamente [a modernização da Igreja como objetivo do Concílio Vaticano 2°] –, nós presenciamos a volta das grandes encíclicas morais, de um catecismo tradicionalista. [...] Em vez de diálogo, se aposta novamente no controle da liberdade de expressão e consciência.

Então, se eu ainda acho que a nova evangelização falhou completamente e, hoje, 80% dos católicos alemães exigem reformas em sua Igreja, e se levo em conta o nefasto envolvimento com o pedófilo Maciel Degollado, então devo dizer que não posso entender como se pode beatificar tal homem, como se pode fazer dele um exemplo para a Igreja.

Voltaremos a falar sobre a situação da própria Igreja, mas eu também quero lhe fazer uma pergunta pessoal: o fato de João Paulo 2° ter cassado sua licença para lecionar teologia católica em 1979 exerce algum papel em seu julgamento sobre ele? Existe uma amargura de sua parte?

Eu não estou amargurado, mas eu vejo isso naturalmente como o começo de uma onda inquisitória, que também atingiu outros teólogos, freiras e bispos. O meu caso foi apenas o primeiro. Na ocasião, eu não pude defender minha posição nem antes nem durante tampouco depois do processo.

Ou seja, isso é um sinal de que o papa foi intolerante durante todo o seu pontificado, sem disposição para o diálogo dentro da Igreja. Ele queria ter ao seu redor yes men, pessoas que obedecem a tudo incondicionalmente. Tudo isso fez com que agora estejamos numa verdadeira crise.


O senhor já mencionou uma série de questões – de acordo com sua análise, a Igreja Católica se encontra em uma situação crítica. O senhor levantou a pergunta recentemente em um livro: A Igreja ainda pode ser salva? Alguns pontos já foram mencionados. O que acontece, em princípio, de errado?

Em princípio é errado que a Igreja Católica, a grande comunidade religiosa – da qual eu sempre fui membro e sempre o serei – sofra sob aquilo que chamamos de sistema romano. Esse sistema romano, um sistema de governança, foi criado na Idade Média, no século 11. Desde então, vivenciamos um Absolutismo papal, nós temos – pense em Canossa – os clérigos em contraposição aos leigos, temos também a lei do celibato, isso tudo é do século 11.

A Reforma, no entanto, não fez efeito, nem o Iluminismo. O Concílio Vaticano 2° tentou empreender uma reforma, mas não conseguiu. Temos agora mais uma vez os mesmos problemas, não há reforma do papado, da Cúria Romana, da lei do celibato, da atitude em relação às mulheres, à sexualidade, à misoginia. Isso tudo faz parte de um conjunto de coisas, foi isso que expliquei no livro.

O senhor está entre os que conhecem bem, há longo tempo e pessoalmente, o papa Bento 16. Até 2005, os senhores ainda empreendiam longas discussões. O senhor deve ter lhe enviado seu livro, já recebeu alguma resposta?

Eu enviei um exemplar. Acho que temos um diálogo muito aberto, e apesar de tudo bastante amigável. Servimos à mesma comunidade religiosa, mas é claro que de forma completamente diferente. Eu não espero que ele aprove o que eu escrevi agora, mas ele deve reconhecer que tenho boas intenções, intenções construtivas para a Igreja.

Ele me confirmou o recebimento e me disse claramente através de seu secretário particular que o Santo Padre deixa cumprimentos cordiais. De qualquer forma, esse é um sinal de que se podem ter diferentes opiniões na mesma Igreja, sem ser simplesmente inimigo um do outro.

O que deve acontecer para que essa Igreja volte a seguir o caminho do Concílio Vaticano 2°, que o senhor mencionou diversas vezes?

Eu propus no meu livro uma série de terapias ecumênicas, a Igreja teria de se concentrar novamente em suas funções básicas e assumir sua responsabilidade social. Mas caberia ao papa fazer um esforço maior de comunhão com a Igreja – quando 80% dos católicos alemães dizem hoje que desejam reformas, ele não pode simplesmente dizer que isso não lhe diz respeito.

A Cúria Romana precisa ser reformada com a maior urgência, o nepotismo deve ser substituído por pessoal competente. Precisamos, principalmente, também de uma Glasnost ou Perestroica para as finanças da Igreja. E a Inquisição deve ser finalmente abolida e as formas de repressão têm de ser eliminadas. Dessa forma, o direito canônico não deve ser só melhorado, como tem sido feito até agora, mas completamente reorganizado, ou seja, o casamento deve ser permitido a padres e bispos e os postos da Igreja devem ser abertos a mulheres.

E, sobretudo – isto é uma reclamação de muitos católicos – o clero e os leigos devem participar da escolha dos bispos, como era antigamente. E, quanto ao ecumenismo, já está mais do que na hora que seja permitida a comunhão entre católicos e protestantes, como se pode ler em muitos pareceres do movimento ecumênico. Também seria possível esperar que o papa trouxesse tais presentes quando viesse à Alemanha, e não somente palavras bonitas, aplaudidas por todos, especialmente pelos políticos.

Mas o senhor ainda tem alguma esperança de que isso aconteça?

Nós não podemos impor limites ao espírito de Deus.

Entrevista: Jürgen Zurheide (ca)
Revisão: Roselaine Wandscheer

Comentário:
\o que acha da posição do filósofo alemão?

03 maio 2011

Quartas de final - Copa de Literatura-de 2011

http://www.copadeliteratura.com.br/

Política e literatura

Publicação: 16 de Maio de 2010
Marcelo Alves Dias de Souza - procurador da República 

É fato que escrevi, nas últimas semanas, sobre política, essencialmente sobre a política do Reino Unido. “E já basta”, o leitor mais enfezado poderá dizer. Então passemos, até para evitar uma tão constrangedora reprimenda, a outro assunto: literatura. Mas passemos suavemente, pois, como disse o maior do poetas portugueses, “mais vale saber passar silenciosamente. E sem desassosegos grandes”. E se da política à literatura inglesa vamos, nada melhor que façamos por intermédio de duas personagens que, nos séculos XIX e XX, respectivamente, com grande desenvoltura, marcaram presença nesses dois mundos: Benjamin Disraeli (1804-1881) e Winston Churchill (1874-1965) .

Na política, Benjamin Disraeli, Primeiro Earl of Beaconsfield e grande amigo da Rainha Victoria, foi, pelo Partido Conservador, duas vezes Primeiro-Ministro do  Reino Unido (1868 e 1874-1880), além de haver ocupado inúmeros outros cargos durante pelo menos quarenta anos de vida pública. A história política do Reino registra sobretudo sua intensa rivalidade com William Gladstone (1809-1898), que, apesar da antipatia da Rainha, em uma carreira política de mais de 60 anos, foi, representando o Partido Liberal, quatro vezes Primeiro-Ministro (1868-1874, 1880-1885, 1886 and 1892-1894). E essa rivalidade, entre Tories e Whigs, entre Disraeli e Gladstone, pautou por mais de um quarto de século a política na terra de Shakespeare. 

Na letras, Disraeli, dotado de solidez intelectual e com formação em direito, incursionou por vários estilos e, assim como na política, angariou admiradores e desafetos. Quem sabe não esteja aí a explicação para o fato de ele estar fora do cânone da literatura da era vitoriana (apesar de seus desafetos/críticos, menos complacentes, atribuírem isso às deficiências intrínsecas à sua obra). O Disraeli-escritor deve seu status, certamente, aos inúmeros romances que escreveu. Desde o primeiro deles, “Vivian Grey” (publicado anonimamente em 1826) - mas, sobretudo, com sua trilogia “Coninasby” (1844), “Sybil” (1845) e “Tancred” (1847) - alcançou grande fama. As composições dessa trilogia, como informa o “(The) Oxford Companion to English Literature”, podem ser consideradas como os primeiros romances políticos em língua inglesa (algo que foi posteriormente desenvolvido por contemporâneos seus como Anthony Trollope). Na trilogia, Disraeli, ao mesmo tempo que demostra simpatia pelos oprimidos (para alguns, sobretudo seus adversários políticos, uma simpatia fingida), retrata as mais eminentes figuras de seu tempo com fina ironia, mostrando, às escâncaras, a alta sociedade e a política de então. Sobretudo com “Sybil, or The Two Nations” (alegadamente a mais refinada de suas obras, onde ele consegue denunciar o horror de uma nação dividida entre pobres e ricos), Disraeli, não obstante imperialista (vide a aquisição do Canal de Suez no seu segundo Governo), construiu a base para o que seria seu modo de agir e para as reformas que implementou na política interna, com a aprovação, por exemplo, de toda uma legislação protetiva à classe trabalhadora e à saúde. 

Já Winston Churchill é uma das figuras políticas mais lembradas do século passado, sobretudo pelo papel – certamente heróico – que exerceu na 2ª Guerra Mundial, no afã de deter o avanço militar nazista. Sem medo de errar, ele é uma das maiores lideranças em tempo de guerra que a humanidade já produziu. Aliás, sua carreira militar, apesar de reconhecidos insucessos, rivaliza com com sua carreira política, tendo servido como oficial na Índia, no Sudão, na 2ª Guerra Boer e, ainda, na 1ª Guerra Mundial, como First Lord of the Admiralty (algo como nosso Ministro da Marinha), Ministro/Secretário de Estado de Munições, para Guerra e para a Aeronáutica. Em tempos de guerra ou não, Churchill foi ainda Chancellor of the Exchequer (cargo mais ou menos correspondente ao nosso Ministro da Fazenda) e Primeiro-Ministro do Reino Unido por duas vezes (1940-1945 e 1951-1955). Orador brilhante, seus discursos são hoje considerados como clássicos na arte de Demóstenes e Cícero. Quem não se lembra de “sangue, suor e lágrimas” ou de “nunca tantos deveram tanto a tão poucos”?

Mas Churchill era um homem de inúmeras facetas. Além de militar e político, foi pintor diletante, grande bebedor, gastador e apreciador de charutos. Era também dado a recorrentes episódios de depressão (que ele chamava de “Black Dog”), do que padeceu durante toda vida. E ele foi sobretudo um historiador/escritor de imenso talento, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1953. Desde o seu primero livro (publicado em 1898) e quase sempre necessitado de dinheiro, Churchill viveu das rendas das publicações de seus livros ou de artigos em jornais e revistas. Se contados apenas os livros publicados em vida, sua obra passa dos 50 títulos. Dela se destaca, certamente, “A History of the English-Speaking Peoples” (1956-58), obra composta de vários volumes, cobrindo a saga desses povos desde a invasão Romana da Grã-Bretanha Romana por Julio César até os albores da 1ª Guerra Mundial.  No mesmo patamar ou talvez acima estão os vários volumes de “The Second World War” (se não estou enganado, reeditados no Brasil, faz poucos anos, em uma versão mais concentrada de um só volume), suas ambiciosas memórias publicadas entre 1948-1954, combrindo um período que vai desde fins da 1ª até fins da 2ª guerras mundiais, quando o autor não foi só testemunha da história, mas também um de seus grandes protagonistas. Considerada por muitos a mais importante de suas obras, as “memórias”, pelo seu conteúdo e pela qualidade estilística, certamente tiveram um peso decisivo para a obtenção do Prêmio Nobel. 

As coincidências nas vidas de Disraeli e Churchill são inúmeras. Ambos eram “animais” políticos, no que a expressão tenha mais a ver com a política partidária. Mas ambos foram também grandes estadistas. Disreali, assim como Churchill, foi levado à literatura, se diz, em virtude de precária situação financeira. De certa maneira, ambos tiveram suas “carreiras” literárias eclipsadas pelas brilhantes carreiras na política. Sobretudo, a obra de ficção de Disraeli pode ser lida como as memórias (antecipadas) que ele, diferentemente de Churchill, jamais escreveu. E ambos, assim, fizeram política em literatura.

Jornal Tribuna do Norte.

02 maio 2011

O longo e decisivo caminho - da militância política à literatura

Por JAMES CAMPBELL - O Estado de S.Paulo

Em fotos de manifestações políticas dos anos 1960, Tariq Ali é inconfundível: o espesso cabelo preto e o bigode hirsuto; o punho cerrado e o característico avanço para o primeiro plano. Após sair de Oxford, em 1966, ele começou a agitar por um levante de trabalhadores - não só na Grã-Bretanha, mas em todo o mundo. Seu livro 1968 and After: Inside the Revolution (1978) ressalta "a importância-chave da classe trabalhadora como o único agente de mudança social". Seu herói: Che Guevara.
Encontrando-se com Malcolm X num debate da Oxford Union em 1964, ele ficou feliz de saber que Malcolm era "um grande admirador de Cuba e do Vietnã". Ali era o "outro" na Grã-Bretanha, um papel que assumiu com zelo e desempenhou com arrojo e estilo. Ele não conseguiu a sua revolução, mas ganhou um hino dos Rolling Stones em sua homenagem - Mick Jagger teria escrito Street Fighting Man para ele.
Ali teve uma forte presença pessoal naquela época, e ainda tem agora. Aos 66 anos, vive numa casa neogótica espaçosa em Highgate, norte de Londres - amigos foram ouvidos chamando-a de "Chateau Tariq" - com sua companheira de 35 anos, Susan Watkins. Ela edita a New Left Review, da qual Ali tem sido um constante colaborador. Eles têm dois filhos. Em 1974, ele concorreu ao Parlamento pela organização trotskista International Marxist Group, mas a persona pública panfletária é temperada por um homem doméstico erudito.
Ele não abandonou sua oposição às "políticas econômicas neoliberais" (capitalismo, em uma palavra), mas se resignou ao fato de que a prevista desintegração do sistema não ocorreu. "Esse é um problema que as pessoas tiveram de aceitar em diferentes momentos da história: o que se faz num período de derrota?" Em seu caso, o realinhamento assumiu uma forma inesperada: ele se dedicou a escrever ficção.
O segundo ato do drama de Tariq Ali começou após o colapso do Muro de Berlim em 1989. "Eu já havia começado a mudar minhas prioridades, que eram totalmente políticas até o início dos anos 1980, criando a Bandung Films. Jeremy Isaacs, que era então o chefe da estação de TV britânica Channel 4, me pediu para fazer alguns programas." Mas escrever ficção, que envolve meses de esforço solitário, foi um novo tipo de compromisso.
O primeiro romance de Ali, Redemption (Redenção), um roman a clef sobre trotskistas sectários em Londres, foi publicado em 1990. No ano seguinte, ele trabalhou num tipo de história completamente diferente, Shadows of the Pomegranate Tree (Sombras da Romanzeira) que entrava num reino imaginativo não menos importante para ele, o mundo histórico do Islã. O livro descreve o conflito entre cristãos e muçulmanos no fim do século 15, durante a Inquisição espanhola, e era para ser o primeiro de uma série de cinco denominada de Islam Quintet (Quinteto do Islã), concluída com a publicação neste mês, na Inglaterra, de Night of the Golden Butterfly (A Noite da Borboleta Dourada).
"Foi uma coisa que nós começamos por acidente" - "nós" sendo a Verso, a editora radical independente da qual Ali é diretor editorial, que tem mantido todos os cinco romances em catálogo. "Escrevi Pomegranate Tree e ele foi muito bem, e aí Edward Said me disse: Você precisa contar a maldita história toda agora. Você simplesmente não pode parar no meio do caminho." Os romances do quinteto não progridem em sequência, nem mesmo cronologicamente. O volume dois, The Book of Saladin (O Livro de Saladino) recua três séculos e ao Oriente Médio. O volume três, The Stone Woman (Mulher de Pedra) visita a Istambul do século 19. Com o quarto, A Sultan in Palermo (Um Sultão em Palermo), estamos na Sicília do século 12. Não há uma fieira de relações percorrendo as eras. A dinâmica comum é a colisão repetida de leste e oeste, e suas consequências assustadoras.
Viagem no tempo. Night of the Golden Butterfly é ambientado nos dias de hoje, com personagens voando de Londres para Paris, da Alemanha para a China. No centro da história está um pintor paquistanês, Plato (ao nomear seu herói por um fundador do pensamento ocidental, Ali afirma sua crença de que os dois mundos devem se encontrar). No fim do livro, as personagens se reúnem em Lahore para uma apreciação do último quadro de Plato. Trata-se de um tríptico, em cujo centro está Barack Obama, o "primeiro líder de pele escura da Grande Sociedade", com as estrelas e listas, "num estado de degradação cancerosa", tatuadas nas costas. "O mais recente líder imperial exibia um button: "Sim nós podemos ... ainda destruir países."" Da pintura brotam tumores e jihadistas barbudos são mostrados "desenvolvendo uma vida sua".
Night of the Golden Buterfly é também a volta ao cenário da infância e juventude de Ali. Lahore, onde ele nasceu em 1943, ainda era parte da Índia britânica. Seus pais eram comunistas, mas ele os descreve como vindos de "uma família profundamente reacionária" - o avô materno de Ali foi primeiro-ministro do Punjab. Até completarem cerca de 7 ou 8 anos, ele e sua irmã falavam punjabi. O idioma da educação e das realizações era o inglês. Ele devorava os clássicos ingleses - "todos eles, provavelmente jovem demais" - depois os russos.
"Havia todos os escritores realistas socialistas da União Soviética em nossa casa. Mas eu odiava tudo aquilo. Meu pai implicava comigo, porque era um comunista ortodoxo. Mas eu o achava previsível demais." Seus heróis literários incluem Hardy, Balzac - ele dá uma gargalhada à sugestão de que acaba de concluir a Comédia Humana islâmica - e, acima de todos, Stendhal, "porque o ritmo de sua prosa é rápido e furioso, como eram seus políticos jacobinos".
Ele se tornou politicamente engajado na adolescência, em oposição à primeira ditadura militar no Paquistão, que se formou em 1958. "Um tio, que era uma figura importante na inteligência militar, disse a meus pais: "Ponham ele pra fora. Ele não pode ser protegido!"" Em seu caso, fora significava o Exeter College, em Oxford, onde ele estudou Direito entre 1963 e 1966. "Eu estava muito feliz. Fiz amigos rapidamente. Estava envolvido no clube Trabalhista, mas os Humanistas pareciam mais ousados. Eles diziam: Deus não existe. E eu pensava, como é animador: isso pode ser dito em público!"
Tributo e crítica. Ele acreditava que o desejo de escrever ficção só se desenvolvera no fim de sua quarta década de vida. "Mas eu estava remexendo nos papéis de minha mãe em Lahore, algum tempo atrás, e encontrei uma carta minha para ela. Estava escrita no caderno de minha faculdade em Oxford, de modo que devia datar de 1966 no mais tardar. E ela dizia: "Vou escrever ficção. Mas não sei quando. Há muito mais coisas a fazer neste momento." Eu não tinha lembrança disso, mas a ideia devia estar em minha cabeça."
Havia de fato muita coisa para fazer. Em janeiro de 1967, como empregado da revista Town, viajou a Praga para reportagem sobre teatro e cinema atrás da Cortina de Ferro. De lá, foi enviado ao Vietnã, onde reuniu um registro fotográfico de baixas civis. Mais tarde, no mesmo ano, foi à Bolívia para assistir ao julgamento do revolucionário francês Régis Debray, que era pressionado a revelar o paradeiro de Che Guevara.
Notavelmente ausente em sua ficção é uma história ambientada na Grã-Bretanha moderna (tirante os socialistas rabugentos de Redemption). "Imagino que acho a ficção inglesa provinciana. Prefiro a americana, sempre preferi." Ele se proclama "feliz" de não ser considerado parte da cena literária inglesa. "É um mundo muito autorreferenciado e incestuoso. E eu não gosto do fato de que muitos deles não gostam de ser criticados." Além de seu novo romance, Ali publicou recentemente uma coletânea de ensaios, Protocols of the Elders of Sodom (Protoclos dos Sábios de Sodoma). Ele contém tributos a Anthony Powell e Proust, e critica velhos camaradas, como Christopher Hitchens e Salman Rushdie.
Ali detecta um "acentuado declínio" na ficção de Rushdie - "é triste escrever isso" -, mas o evento que realmente o irrita foi ele "aceitar um título de nobreza de Blair". Hitchens, que uma vez louvou Ali por ter "passado boa parte de sua vida denunciando a América como o arsenal da contrarrevolução", é agrupado às "figuras ligeiramente frívolas", e agora soaria "mais como um chato e não como a mente crítica que explodiu os halos que rodeavam Kissinger e Clinton".
O tema predominante da ficção de Ali é o exílio. Pessoas são alijadas do que era mais importante para elas - sua fé, seus amantes, seus livros, sua pátria. "Eu sempre senti, desde que cheguei à Grã-Bretanha, que ela era bastante familiar. Nós havíamos sido criados num mundo pós-colonial, mas em muito uma parte do que havia sido antes de se tornar independente." Mas ele reconhece que passou os últimos 20 anos escrevendo sobre rupturas. "É verdade. As pessoas foram separadas em níveis diferentes. No nível das amizades por exemplo, porque todos seus amigos foram deixados para trás. E esse romance fala disso. E uma ruptura de amantes. E política."
Uma das características mais impressionantes do Quinteto do Islã é a atenção aos detalhes: costumes, leis, vestimentas, nomes de lugar arcaicos, tudo isso além de um domínio dos acontecimentos históricos. "No primeiro ano, eu apenas leio tudo que cai em minhas mãos. E depois vou visitar aqueles lugares sobre os quais estou escrevendo - Sicília, Granada e Istambul - só para cheirá-los." Depois de começar, porém, ele avança a passos largos, sem revisão - sem nem sequer reler o que escreveu. "Sou um mau sujeito assim. Eu simplesmente escrevo num grande jorro. E só consigo reler depois de algum tempo. Sou um grande crente nos editores. Eles me devolvem 10 páginas de anotações. Aí eu releio, e faço o que eles pedem." 
TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK 
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