05 setembro 2011

Bicho do Mato leva crianças à natureza


Projeto apresenta informações sobre o meio ambiente a estudantes da rede municipal e estadual

Fabiano Ormaneze  Agência Anhangüera de Notícias 
04/08/2011 - 08h26 . 



O grupo de crianças se reúne em roda debaixo de uma árvore e ali começam as perguntas das educadoras que as acompanham: “O que é meio ambiente?”, questiona uma delas. Um dos garotos se apressa em responder: “São as florestas, as matas”. Com isso, vem a oportunidade de deixar o conceito mais claro. “Fazem parte também do meio ambiente todos os espaços em que convivemos, as praças, as matas, nosso quintal, todos os lugares onde estamos”, explica a educadora ambiental Maria do Carmo Barreto Barros. 

Assim, com bate-papo e ações de transformação dos espaços, o projeto Bicho do Mato, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Campinas, leva informação e propostas de sustentabilidade a estudantes das séries iniciais das redes municipal e estadual. 

Cerca de 850 crianças e pré-adolescentes entre 5 e 14 anos participam do projeto, atualmente desenvolvido em cinco instituições, entre escolas, creches e organizações não governamentais (ONGs). Os locais em que o projeto é realizado ficam em áreas beneficiadas por obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a ideia da Prefeitura ao lançar o projeto foi possibilitar uma contrapartida que pudesse auxiliar no processo de melhoria de vida da população, uma iniciativa do governo federal. “Essas crianças vivem em meio a mudanças substanciais de qualidade de vida por causa do PAC, mas é preciso mostrar que é necessário um envolvimento de todos, com atitudes concretas, que possam dar continuidade às melhorias e mantê-las”, explica o secretário municipal de Meio Ambiente Paulo Sérgio Garcia de Oliveira. 

A cena que abriu esse texto ocorreu na manhã de ontem(04/08/11) na Escola Estadual Regina Coutinho, na Vila Nogueira, que recepciona o projeto Bicho do Mato a partir deste mês. Como nos outros quatro locais, serão desenvolvidas diversas atividades com os estudantes, sempre com foco na conscientização da comunidade. Durante o contato com a garotada, tudo pode ser aproveitado para um ensinamento. Se um menino colhe uma flor no jardim da escola, por exemplo, Maria do Carmo aproveita para explicar a importância de as flores continuarem nas plantas, para ajudarem na continuidade da espécie, por meio da polinização e, depois, quando caírem, servirem de adubo orgânico. “A ideia é sempre transmitir informações para que as crianças possam aproveitar em casa e multiplicarem aos pais e familiares”, afirma Maria do Carmo. 

Atividades No caso da escola Regina Coutinho, o Bicho do Mato, além das dinâmicas sobre a fauna, a flora, a preservação e a reciclagem, vai recuperar uma nascente localizada na área do colégio. A ideia é transformar a água que nasce ali e que, no momento, está canalizada e não é aproveitada, em um lago, para observação de ciclos de vida e aulas práticas. Desde que iniciado nas escolas ou ONGs, o projeto Bicho do Mato não tem previsão de término e conta com visitas semanais das educadoras ambientais. “Queremos transmitir a ideia de que os recursos naturais são finitos e que os cuidados com o meio ambiente devem começar em casa. Ainda há um conceito equivocado com muitos alunos de que a natureza é algo distante, que só se vê em parques ou em matas”, afirma a educadora ambiental Elisângela Cristina Pereira Lopes. O nome do projeto foi escolhido justamente com a finalidade de ajudar a difundir um conceito mais adequado. “Os bichos do mato conhecem bem o lugar que habitam e vivem em harmonia com o seu espaço, sem prejudicá-lo. Queremos que as crianças entendam que a cidade é o espaço que elas têm para viver e precisam cuidar bem”, explica Elisângela. De forma prática ou por meio de um bate-papo, durante os encontros com os estudantes, são transmitidos conhecimentos sobre solo, espécies animais e vegetais, maus tratos e posse responsável de bichos, água, cultura indígena, combate ao vandalismo e à depredação, além de informações sobre os biomas brasileiros e as principais características da vegetação na região de Campinas e hábitos de vida saudável. Entre as dinâmicas, estão a montagem de composteiras e até de canteiros, usando como base para o plantio garrafas do tipo PET. Em cada escola participante, os diretores também podem indicar temas que acreditem necessários, a partir da constatação de problemas ou dificuldades de alunos. Na Regina Coutinho, por exemplo, foram incluídas dinâmicas sobre higiene bucal. “Como estamos próximos ao Parque Taquaral, nossa escola fica em uma área com muito verde. A vinda do Projeto Bicho do Mato para cá vai nos auxiliar, não só a tratar da temática ambiental, mas a tornar o dia a dia das crianças mais saudável”, explica o vice-diretor da escola, César Eduardo Vaz.

Alunos levam experiências para casa
As crianças participantes do Projeto Bicho do Mato ficam com boas lembranças das visitas das educadoras ambientais às escolas e instituições. Wanderci Pedroso da Silva, de 9 anos, por exemplo, já sabe da importância da reciclagem. “Dá para reaproveitar muita coisa, ao invés de jogar tudo no lixo. Todo mundo precisa evitar o desperdício e cuidar das plantas e animais. Tudo isso faz parte do meio ambiente”, diz o garoto. Isabela Vitória Petrin, de 9 anos, diz que adora contar em casa tudo o que aprende no projeto. “Fizemos um terrário, que foi muito legal. Deu para ver direitinho como as plantas crescem”, explica a menina, se referindo à prática de deixar com que sementes germinem em recipientes para que os alunos possam observar o ciclo de vida dos vegetais. (FO/AAN)

Áreas alvo de obras do PAC são atendidas pelo projeto
Como o Bicho do Mato é um projeto lançado pela Secretaria de Meio Ambiente como contrapartida às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as duas áreas da cidade beneficiadas pela iniciativa do governo federal, o Parque Anhumas e a região do Aeroporto Internacional de Viracopos, estão sendo atendidas pelo projeto. Na região do Anhumas, as crianças e os adolescentes participantes do Bicho do Mato estão na Escola Municipal Recanto da Alegria e na Escola Estadual Regina Coutinho. Um grupo de terceira idade que se reúne no Centro de Saúde São Quirino também foi incluído no programa das visitas das educadoras ambientais, principalmente, para passeios guiados por áreas verdes e de preservação ambiental. Na região do Anhumas, as obras do PAC incluem a construção de moradia para população de baixa renda, a recomposição da margem do córrego, a pavimentação do bairro Gênesis e a construção de praças, playgrounds e centro comunitário. Na área próxima a Viracopos, as crianças e os adolescentes do Bicho do Mato estão na Fundação Douglas Andreani, no Parque Oziel, e na Nave-Mãe do Jardim Fernanda. Nessa região, com dificuldades ainda maiores que a primeira, as obras do PAC incluem pavimentação e drenagem de itinerários de ônibus, obras de saneamento, construção de casas populares e centro de saúde, além da regularização dos terrenos. O PAC foi lançado em 2007 pelo governo federal e engloba uma série de políticas econômicas para os anos seguintes, com objetivo de acelerar o desenvolvimento. (FO/AAN)

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