06 setembro 2011

Vírus: o inimigo público número 1 da nossa saúde

Micro-organismos estão na fronteira entre o que é vida e apenas química


05/08/2011 - 08h27 . 
Murilo Borges/AAN  
O vírus está na fronteira da classificação dos seres vivos. Não pode ser considerado um organismo. É rotineiramente incluído entre os micróbios, mas a definição não é tão precisa. Causador de doenças como a gripe e a Aids, o vírus é um pequeno agente infeccioso cuja constituição é basicamente formada por proteínas e acido nucleico (DNA ou RNA). A dúvida é: como uma estrutura tão simples pode causar tantos prejuízos à saúde animal e humana? 

A resposta passa justamente pela simplicidade de sua constituição. O vírus é um parasita que depende do contato com as células para sobreviver. Com esta relação, consegue se replicar em centenas e se reproduzir, formando assim a maior diversidade biológica do planeta. Sem a célula, porém, é inofensivo como um grão de areia. O problema é quando replica na célula. 

Dotado da capacidade de se multiplicar em pouquíssimo tempo, o vírus consegue escapar do tratamento de antibióticos e vacinas por agir dentro da célula. Soma-se a isso o fato de não ter uma ampla estrutura molecular. É capaz de se adaptar aos mecanismos de defesa do corpo e ficar ainda mais encorpado. Assim, qualquer medicação tende a dar errado. 

“Vírus não se combate, se previne”, explica a presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Clarice Weiss Arns. “É muito mais difícil identificar um vírus dentro do corpo humano do que uma bactéria. Quando procuramos alguma alteração dentro de um órgão, vamos procurar aquilo que já conhecemos. A bactéria é facilmente identificada, o que não ocorre com o vírus”, diz. 

A ação viral dentro da célula impede que o tratamento seja melhor elaborado pela medicina e também pelo corpo humano, que é incapaz de produzir anticorpos. “O vírus infecciona a célula para sobreviver. Esse mecanismo é intracelular, o que dificulta a atuação do sistema imunológico. Não podemos apagar nossas próprias células. Isso e a alta variabilidade do vírus impede um tratamento mais adequado”, afirma o infectologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade de Campinas (Unicamp), Plínio Trabasso. 

Por conta da dificuldade do combate, o vírus é um dos assuntos mais estudados pelos especialistas em todo o mundo. Pesquisadores no Brasil, Estados Unidos e Europa trabalham na criação de uma vacina que possa combater a dengue em um futuro próximo. 

“Estudamos hoje a parte molecular do vírus, para entender qual pedaço dele é mais fácil de ser combatido. A partir da confirmação dos estudos, fica mais fácil saber onde atacá-lo”, afirma Clarice. 

Para ela, o Brasil ainda carece de estrutura para fazer o atendimento necessário. “Falta um laboratório com equipamentos e pessoas adequadas, aqui no Brasil, para tratar de doenças virais. Temos bons laboratórios como em qualquer lugar do mundo, mas são poucos. Não é qualquer lugar que tem estudo complexo sobre vírus”, completa. 

Uso de vitamina C não passa de um mito
Ao contrário de doenças bacterianas, os vírus não podem ser combatidos de forma caseira. O epidemiologista Plínio Trabasso, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, usa como exemplo o vírus que causa a gripe. Segundo ele, é comum confundir gripes com resfriado, doenças de sintomas semelhantes, mas causadas por agentes diferentes.'Todos dizem que a vitamina C ajuda a curar a gripe, mas já foi comprovado que não existe nenhuma relação direta entre as coisas. As únicas recomendações são higiene e boa alimentação, mas isso não é segredo para ninguém', afirma o professor da Unicamp. O resfriado é uma pequena infecção nas vias aéreas e é causado principalmente pelo Rinovírus. É uma doença extremamente contagiosa, já que o contato pode ser feito pelas mãos infectadas. Espirros, rinite e tosse são seus principais sintomas. Enquanto isso, a gripe é basicamente causada pelo vírus Influenza. Tem os mesmos sintomas do resfriado, mas os pacientes gripados também sofrem com febre alta, dores de cabeça, corpo e garganta, mal estar e perda de apetite. Seu quadro clínico é mais complexo, pois pode resultar em pneumonia. 'A gripe é muito mais séria do que o resfriado. O paciente precisa tomar mais cuidado. Mas muitos confundem as duas doenças, o que prejudica o diagnóstico', diz Plínio. (MB/AAN)

O segredo está na estratégia de reprodução viral
Costumeiramente comparada ao vírus, a bactéria é bastante diferente em termos de estrutura. Tem membrana e citoplasma e está inserida no grupo de micro-organismos unicelulares. Algumas são parasitas, assim como o vírus, mas existem aquelas que atuam de forma positiva, principalmente na digestão. Podem ser vistas a olho nu quando estão em colônias, ao contrário do vírus, visível somente por microscópios. 

A reprodução viral também é diferente. Por utilizar todo o material genético das células, o vírus adere à membrana, introduz seu DNA e a infecciona, causando o rompimento e a proliferação desuas réplicas. 

Quando descobertas, em 1683, as bactérias foram classificadas como plantas. São sensíveis a antibióticos, o que facilita o combate a doenças e também utilizadas na fabricação de alimentos, como iogurte e leite fermentado. 

“Nós já sabemos o que esperar das bactérias. Elas crescem em meio a cultura e criam colônias Isso facilita o diagnóstico”, explica a presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Clarice Weiss Arns. “A bactéria tem ribossomos e mitocôndrias, por isso sente o efeito dos medicamentos e dos anticorpos”, completa o epidemiologista Plínio Trabasso. (MB/AAN) 

Vampiro usa calor para chegar ao sangue das vítimas
O morcego hematófago, também chamado de vampiro, não chega à presa pelo odor de seu sangue, mas pelo calor que ele emite sob a pele. E essa especificidade, presente em outros mamíferos, serve de alerta para evitar queimaduras, revela um estudo. Essa qualidade genética do vampiro comum explica sua capacidade de detectar uma fonte de calor a 20 centímetros de distância e 'de distinguir o local onde as veias são mais próximas da superfície da pele', estima David Julius, especialista em biologia molecular da Universidade da Califórnia em São Francisco, autor do estudo. 

Os especialistas já sabiam que o morcego localiza a vítima adormecida guiando-se pelo som de sua respiração, como parecem indicar os ataques repetidos a cabeças de gado. Eles sugam mais de duas colheres de sopa de sangue. (AFP)


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