Crianças de 11 anos copiam textos sobre poções para atrair um amor e pais questionam escola I Uma aula “sinistra” de português provocou polêmica na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Maria Pavanatti Fávaro, no Jardim São Cristóvão, em Campinas. Os alunos da quinta série aprenderam na última semana como preparar poções mágicas para atrair um amor e a prosperidade financeira. A justificativa para a aplicação do conteúdo é de que os alunos irão ao cinema para assistir ao filme Harry Potter e as Relíquias da Morte.
De acordo com os pais, na quarta-feira da semana passada, os alunos, que têm idades entre 11 e 12 anos, fizeram cópia de dois textos, um deles intitulado “Transformando Homens em Porcos”. No dia seguinte, eles foram ao laboratório de informática, onde receberam orientação do professor para copiar o significado de algumas palavras encontradas em um dicionário on-line de termos usados em umbanda e candomblé. Além das palavras, os alunos precisaram copiar receitas mágicas de um blog. E foram elas que mais assustaram os pais. Entre as poções, há formulas para um beijo ardente, para atrair um amor, fazer poção afrodisíaca e banho incentivador de prosperidade financeira. Preocupados, alguns pais procuraram a escola para pedir explicações sobre o objetivo da aula e a ligação das receitas com a disciplina de português. Uma das mães, a autônoma K.C.S., decidiu tirar o filho da escola. “O meu filho disse que ficou assustado, assim como os outros coleguinhas. Procurei a equipe pedagógica da escola para tentar saber porque o meu filho estava recebendo aquele conteúdo e se fazia parte do cronograma de aula, porque não consegui fazer nenhuma ligação das receitas de magia com os adjetivos, substantivos ou interpretação de textos”, diz. Segundo K., a resposta que recebeu era de que a atividade foi extracurricular e contava no planejamento anual da escola. “Para mim não fazia sentido o meu filho de 11 anos aprender como se faz para atrair um amor. Para que lado ele está indo? Para o ocultismo? É um ritual que não tem nada a ver com o português. Faltou bom senso do professor”, afirma. O garoto parou de frequentar a escola na segunda feira. “Com tudo isso, se ele continuasse na escola, não sei se o rendimento dele seria o mesmo”, afirma a mãe. Outra mãe, C.M.B., não tirou o filho da escola, mas decidiu que não quer mais que ele participe das aulas de português. “Não estamos de acordo que o nosso filho aprenda esse conteúdo na idade em que está. Entendo que o professor quis informar, mas ele se aprofundou de mais sem levar em conta a idade dos alunos”, diz. A Secretaria de Estado da Educação não informou o nome do professor. Outro lado A escola informou, por meio da assessoria de imprensa, que o projeto pedagógico da escola tem como foco a leitura e a escrita. Por isso, várias atividades desenvolvidas com os alunos visam o desenvolvimento dessas duas questões educacionais, como foi o caso da lição de português questionada pelos pais. Informou ainda que a atividade de pesquisa sobre magia faz parte da atividade extra-classe que será desenvolvida com os alunos da turma. Os estudantes irão até o cinema para assistir Harry Potter e as Relíquias da Morte — o filme foi escolhido pelos próprios alunos. A primeira etapa do trabalho consistiu na leitura de um texto sobre magia, retirado de um livro didático. Posteriormente, os alunos fizeram a pesquisa via internet, no laboratório de informática. Após a visita ao cinema, os alunos irão fazer uma redação sobre o tema em sala de aula. Educadora diz que conteúdos são 'ilimitados' Para a coordenadora do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maria Márcia Sigrist Malavasi, não existe um limite para aplicação de conteúdo em sala de aula. “Esse limite é colocado na competência da formação do professor. Se ele é bom, você pode dar o tema mais complexo e mais difícil que ele vai saber dar a melhor abordagem. Daí a importância da boa formação do professor e da atuação competente da equipe gestora”, afirma. Segundo a especialista, o próprio educador poderia esclarecer à família o motivo didático-pedagógico para aplicação do tema. “Quando o professor é bom, ele dá conta de fazer a explicação didático-pedagógica. A família pergunta e se sente absolutamente esclarecida. Agora, se o professor não fez a escolha do conteúdo com clareza, ele não vai conseguir justificar”, diz. A decisão da mãe em tirar o filho da escola pode ter sido precipitada, segundo a educadora. “Quem mais se prejudica com essa situação de retirada da escola é o próprio aluno. É na escola que ela faz amigos, aprende com o convívio. Por isso, é preciso ter um motivo muito forte para desvincular a criança de seus laços afetivos. É uma decisão muito séria”, afirma. (IM/AAN) naê Miranda De acordo com os pais, na quarta-feira da semana passada, os alunos, que têm idades entre 11 e 12 anos, fizeram cópia de dois textos, um deles intitulado “Transformando Homens em Porcos”. No dia seguinte, eles foram ao laboratório de informática, onde receberam orientação do professor para copiar o significado de algumas palavras encontradas em um dicionário on-line de termos usados em umbanda e candomblé. Além das palavras, os alunos precisaram copiar receitas mágicas de um blog. E foram elas que mais assustaram os pais. Entre as poções, há formulas para um beijo ardente, para atrair um amor, fazer poção afrodisíaca e banho incentivador de prosperidade financeira. Preocupados, alguns pais procuraram a escola para pedir explicações sobre o objetivo da aula e a ligação das receitas com a disciplina de português. Uma das mães, a autônoma K.C.S., decidiu tirar o filho da escola. “O meu filho disse que ficou assustado, assim como os outros coleguinhas. Procurei a equipe pedagógica da escola para tentar saber porque o meu filho estava recebendo aquele conteúdo e se fazia parte do cronograma de aula, porque não consegui fazer nenhuma ligação das receitas de magia com os adjetivos, substantivos ou interpretação de textos”, diz. Segundo K., a resposta que recebeu era de que a atividade foi extracurricular e contava no planejamento anual da escola. “Para mim não fazia sentido o meu filho de 11 anos aprender como se faz para atrair um amor. Para que lado ele está indo? Para o ocultismo? É um ritual que não tem nada a ver com o português. Faltou bom senso do professor”, afirma. O garoto parou de frequentar a escola na segunda feira. “Com tudo isso, se ele continuasse na escola, não sei se o rendimento dele seria o mesmo”, afirma a mãe. Outra mãe, C.M.B., não tirou o filho da escola, mas decidiu que não quer mais que ele participe das aulas de português. “Não estamos de acordo que o nosso filho aprenda esse conteúdo na idade em que está. Entendo que o professor quis informar, mas ele se aprofundou de mais sem levar em conta a idade dos alunos”, diz. A Secretaria de Estado da Educação não informou o nome do professor. Outro lado A escola informou, por meio da assessoria de imprensa, que o projeto pedagógico da escola tem como foco a leitura e a escrita. Por isso, várias atividades desenvolvidas com os alunos visam o desenvolvimento dessas duas questões educacionais, como foi o caso da lição de português questionada pelos pais. Informou ainda que a atividade de pesquisa sobre magia faz parte da atividade extra-classe que será desenvolvida com os alunos da turma. Os estudantes irão até o cinema para assistir Harry Potter e as Relíquias da Morte — o filme foi escolhido pelos próprios alunos. A primeira etapa do trabalho consistiu na leitura de um texto sobre magia, retirado de um livro didático. Posteriormente, os alunos fizeram a pesquisa via internet, no laboratório de informática. Após a visita ao cinema, os alunos irão fazer uma redação sobre o tema em sala de aula. Educadora diz que conteúdos são 'ilimitados' Para a coordenadora do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maria Márcia Sigrist Malavasi, não existe um limite para aplicação de conteúdo em sala de aula. “Esse limite é colocado na competência da formação do professor. Se ele é bom, você pode dar o tema mais complexo e mais difícil que ele vai saber dar a melhor abordagem. Daí a importância da boa formação do professor e da atuação competente da equipe gestora”, afirma. Segundo a especialista, o próprio educador poderia esclarecer à família o motivo didático-pedagógico para aplicação do tema. “Quando o professor é bom, ele dá conta de fazer a explicação didático-pedagógica. A família pergunta e se sente absolutamente esclarecida. Agora, se o professor não fez a escolha do conteúdo com clareza, ele não vai conseguir justificar”, diz. A decisão da mãe em tirar o filho da escola pode ter sido precipitada, segundo a educadora. “Quem mais se prejudica com essa situação de retirada da escola é o próprio aluno. É na escola que ela faz amigos, aprende com o convívio. Por isso, é preciso ter um motivo muito forte para desvincular a criança de seus laços afetivos. É uma decisão muito séria”, afirma. (IM/AAN)
04/08/2011 - 08h46 . Atualizada em 04/08/2011 - 08h51
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