A TERRA ARDE. ENQUANTO ISSO, EM COPENHAGUE...
Período: Acadêmica do 5º Período de Direito da Escola Superior Dom Helder Câmara
Realmente o mundo, há algumas décadas, vem demonstrando grande preocupação com o meio ambiente e com as mutações que o Planeta vem sofrendo. É mais do que fato consumado de que essas transformações são fruto de ações nada positivas oriundas das próprias mãos do homem. Então, não é mais do que obrigação ele se responsabilizar pelos estragos que vem causando.
Demonstração concreta disso foi a ECO-92, Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Outro fato de grande destaque é o Protocolo de Kyoto, que teve como objetivo firmar acordos e discussões internacionais para, em conjunto, estabelecer metas de redução na emissão de gases estufa na atmosfera, principalmente por parte dos países industrializados. Este protocolo ainda não foi cumprido e um dos motivos para isso não acontecer é exatamente porque por trás disso tudo estão envolvidos grandes interesses políticos e principalmente econômicos. Para frear a emissão de gases é necessário frear a industrialização, o que significa grandes quedas financeiras nos cofres públicos e privados dos países. Cumprir o protocolo, então, torna-se tarefa não muito atrativa para o mercado mundial.
Dezembro de 2009, uma nova âncora da salvação é lançada: A Conferência de Copenhague, mais popularmente divulgada e conhecida como COP-15. O encontro que acontecerá até o dia 18 de dezembro na capital da Dinamarca é considerado o mais importante da história recente dos acordos multilaterais ambientais, tendo por objetivo estabelecer o tratado que substituirá o Protocolo de Kyoto, vigente até 2012. Uma atmosfera de expectativa envolve o encontro dos países. Mas será que essa expectativa tem fundamento ou deve ser motivo de esperança?
Engana-se que pensa que todas essas ações sejam gestos altruístas. O ser humano não quer salvar a Terra porque ela é bela, porque ele ama todos os seres que vivem nela e não querem que eles sejam extintos ou porque ele acha que a fauna e a flora são diversificadas e merecem ser preservadas. O egoísmo e o egocentrismo são características naturais do ser humano, portanto, é normal que a motivação para frear o “naufrágio” nasça porque todos estão no mesmo barco, e se ele afundar toda a tripulação afundará junto. É uma questão de sobrevivência e não de benevolência.
As grandes e importantes ações mundiais em prol do Planeta já realizadas até hoje, estão longe de serem apenas beneficentes, pois, como já foi dito, envolvem grandes interesses econômicos e políticos dos países, principalmente – ou tão somente – das grandes potências mundiais.
A maior potência do mundo, os EUA, durante os oito anos do governo de Bush, se recusou a participar das discussões e do esforço pelo combate às mudanças climáticas. Mas agora com Obama no poder, será que o quadro tem chances de sofrer alguma mudança? Boatos já rolam nos bastidores que a “nova esperança americana” não será adepta as propostas que a conferência trará.
Muitos culpam os EUA e depositam no país a grande responsabilidade pelos desequilíbrios ambientais. Mas será que a culpa é realmente do Tio Sam? O ser humano deve parar com essa mania de sempre querer colocar a culpa nos outros. Isso é desculpa para se manter omisso. Cada um deve fazer a sua parte em prol de frear o desastre ao qual está destinado o Planeta. A responsabilidade não é só dos EUA, da China ou de qualquer outro país, mas sim, de todos os países e cidadãos de uma forma geral. Todos nós somos responsáveis pelos desequilíbrios climáticos, ecológicos e pelos desastres ambientais que estamos presenciando. Desde o papel de bala que se joga na rua pela janela no carro até a maior descarga de petróleo derramada no fundo do oceano. A grande questão é que a sociedade se recusa a enxergar o problema ou ainda o trata como uma utopia platônica, que está muito longe de se concretizar.
Não temos que esperar que o Obama faça alguma coisa para depois fazermos igual. Os países em desenvolvimento não precisam sempre viver à sombra dos norte-americanos. Todos têm que se conscientizar que o Planeta necessita urgentemente de ajuda, que os seus desequilíbrios são um grito por socorro, um alerta pra tentar salvar o que ainda resta dele enquanto há tempo. Tempo ainda há, mas a corrida contra o relógio se torna cada vez maior.
Outra questão é que o ser humano tem que parar de se colocar como vítima, como prejudicado nessa história toda. É completamente irônico e até mesmo hilário quando vemos estampado na mídia a notícia “Mais uma vítima do clima”, onde as imagens mostram um cidadão olhando a sua casa sendo destruída por um vendaval. Quem vê se indigna, acha um absurdo, uma calamidade e finge sofrer a dor do outro. Faz-me rir! A única vítima nessa história toda é o planeta. Se desastres como estes estão acontecendo, se tufões, vendavais, tsunamis, enchentes ocorrem diariamente em todos os cantos do mundo, é porque a Terra está muito doente e isso tudo não passa dos sintomas que essa terrível doença vem causando a ela. Esse é também o seu meio de defesa. São os “anticorpos” agindo para proteger esse grande organismo vivo do vírus perigoso – ainda sem vacina – que é o ser humano. O homem, pequeno no tamanho, com a sua soberba e insaciável ambição pelo poder e pelo individualismo se torna gigantesco e capaz de destruir um ecossistema tão grande e diversificado. Ele não se dá conta e nem se importa de que está destruindo a sua própria casa.
Conferências realizadas entre as grandes potências mundiais como esta recente de Copenhague, por enquanto só servem para que os chefes de Estados e os ministros desfilem pomposamente e usufruam do requinte e dos prazeres de mais uma viagem a um país da Europa. É triste pensar que eles estão todos reunidos fingindo se preocupar com uma questão e depois vão escrever em uma folha de papel mais propostas que serão veementemente assinadas, mas que não serão cumpridas. Infelizmente, diante dos fatos que vemos estampados não é possível pensar de outra forma. Deixemos o ilusionismo só para os mágicos.
Não é necessário ir tão longe para resolver tais questões. Não é preciso ir até a Dinamarca para salvar o Planeta. Todos podem ficar onde estão cada um em seu país e resolver a situação que se resume simplesmente em uma questão de verdadeiramente querer e se importar. A partir do momento em que todos se conscientizarem que o prejuízo causado ao planeta se assemelha ao suicídio, aí, sim, a situação começa a tomar rumos diferentes. A coisa deve ser radicalizada se pretende gerar mudanças e obter algum resultado promissor. De nada adianta também querer jogar toda a responsabilidade para o governo, para o Obama, para o Hu Jintao, ou até mesmo para o Lula, pois eles sozinhos não serão capazes de resolver nada.
Ficar sentado na frente da televisão assistindo aos debates do COP-15 somente para depois ter assunto para debater em uma roda de amigos, também não levará a lugar nenhum. Parece bobagem, mas as mudanças começam a acontecer dentro de nossas próprias casas, a partir de simples gestos, das mudanças de hábito, como economizar água, consumir menos carne, usar biocombustível, usar sacolas ecológicas, enfim, ações insignificantes que se feitas por todos, sem exceção, serão capazes de gerar mudanças positivas e ressuscitar o último fio de vida que ainda resta do planeta.
A humanidade tem que pensar pra frente e deixar de ser menos egoísta e individualista. Sem demagogia, temos que pensar nas futuras gerações. O usufruto consciente do planeta no presente possibilitará que as pessoas, daqui a alguns anos, tenham o mesmo direito de usufruir dos benefícios terrenos da mesma forma que nós.
Oi, Sônia
ResponderExcluirPesquisando na internet sobre o meu artigo, vi que você postou no seu blog! Que legal! Que bom que gostou! Obrigada!
Eu tenho um blog também
www.apologiaecojuridica.blogspot.com