Vinil, livro, filme, site e muitas homenagens a Renato Russo. Vocalista e letrista da Legião Urbana, banda paradigmática do rock brasileiro, ele estaria completando 50 anos neste dia 27 de março, caso a aids não o tivesse levado há 14 anos, com apenas 36 anos de idade. Considerado o poeta do nosso rock, Renato faz falta e deixou uma lacuna, assim como outro grande poeta de sua geração, Cazuza,derrubado pela mesma doença, ainda jovem, aos 32 anos.
Das homenagens a mais importante, sem dúvida, é o relançamento da discografia reunida em uma caixa e também em vinil, programada para junho. Em abril, estréia o novo site oficial da banda, que além da história, fotos e vídeos, pretende se tornar um canal para estreitar os vínculos entre a obra da Legião Urbana e seu público. Em comunicado no site, a família Manfredini, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e a EMI informam que “não existe possibilidade alguma de uma ‘volta’ da banda Legião Urbana”, mas está quase fechada ainda para este ano “uma única e exclusiva turnê com shows em grandes cidades do país”. Dado e Bonfá devem tocar com diferentes cantores convidados em cada cidade, e com uma banda suporte formada por músicos uruguaios.
Enquanto isso, pipocam homenagens, tributos e obras inspiradas no trabalho de Renato e da Legião Urbana por conta da efeméride. Duas chegam às lojas neste final de março, Como se não houvesse amanhã (Record), livro de contos inspirados em músicas da banda, e o CD Duetos (EMI), que reúne parcerias de Renato com Marisa Monte, Cássia Eller, Zélia Duncan e Leila Pinheiro, entre outros.
Organizado pelo poeta e escritor Henrique Rodrigues, a coletânea reúne 20 contos de autores como João Anzanello Carrascoza, Tatiana Salem Levy, Marcelo Moutinho, Ramon Mello, Miguel Sanches Neto, e Manoela Sawitzki, entre outros. “Renato Russo consegue ser atemporal e profundamente lírico. Ele é do nosso tempo e de todos os tempos. Vejo ele como aquele artista que se entrega e paga o preço por isso, um pouco como os poetas românticos do século XIX, até com a coincidência da morte precoce”, diz Rodrigues, que teve a idéia de escrever um conto a partir de “Acrilic on canvas”, convidou alguns colegas e a idéia foi tomando forma.
Já o álbum Duetos foi produzido por Marcelo Fróes, jornalista e pesquisador, amigo do cantor, responsável pelas três últimas grandes entrevistas com ele. A família de Renato convidou-o para fazer o levantamento do que ele havia deixado, entre fitas cassetes com ensaios, shows ao vivo, versões de músicas ainda não finalizadas, material que vem sendo lançado desde o começo da década, seja de obras dele ou da Legião Urbana. Renato presentesaiu em 2003, e Trovador solitário, em 2008. “Ele guardava tudo e, sabendo que tinha a vida curta, poderia ter destruído. Se tinha alguma coisa que ele não queria que alguém ouvisse, ele certamente destruiu”, fala Fróes, justificando os lançamentos. “Além do carisma como líder, de falar as coisas que a juventude espera ouvir de um guru, os discos da Legião eram muito bem gravados. Aqueles três dentro do estúdio se resolviam”, completa o jornalista, sobre a importância da banda.
Já Leila Pinheiro deve lançar nos próximos meses o álbum Meu segredo mais sincero, só com músicas do trovador solitário e estréia o show em abril. “Sinto muita falta dele. Se estivesse vivo, estaria fazendo coisas certamente geniais, impactado com tudo o que a gente está vivendo. Faz 14 anos que ele morreu, e continua tão presente, absurdamente vivo, na vida da gente”, diz a cantora.
Para os cinemas, Antonio Carlos Fontoura pretende filmar ainda este ano o longaSomos tão jovens,com Thiago Mendonça no papel do cantor e compositor e Julia Lemmertz e Marjorie Estiano no elenco. Além disso, outros dois filmes estão em produção,Faroeste caboclo, de René Sampaio, eEduardo e Mônica, de Denise Bandeira. Já nos palcos, o monólogo Renato Russo – A peça, de Bruce Gomlevsky segue em cartaz três anos e meio após a sua estréia, depois de ter passado por 40 cidades e ter sido assistida por mais de 100 mil pessoas. “Ele está muito fresco e vivo na memória de todo mundo. É muito impressionante a reação das pessoas. Por onde a gente passa, de norte a sul do país, elas cantam junto todas as 22 músicas do espetáculo. E tem uma nova geração de fãs, de 12, 13 anos, que nem era viva quando o Renato fazia shows. Eles me mandam presentes, viajam para ver a peça. De alguma maneira, consegui viver 1% da tietagem que o Renato vivia. É uma resposta muito calorosa do público”, afirma o ator.
“Ele tinha uma preocupação ética, estética com seu trabalho muito grande, além de ser muito culto, tinha todas as referências, literárias, artísticas, cinematográficas. No mundo cada vez mais superficial e mediocrizado em que vivemos, talvez ele fosse uma esperança no meio dessa mediocricidade geral. Longa vida a Renato Russo”, finaliza e resume o ator. (Bruno Dorigatti)
fonte:www.saraivaconteudo.com
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