Se assinalam os 125 anos da sua edição(Os Maias) e uma iniciativa Expresso (Eça Agora) veio chamar a atenção para a obra e a efeméride. De facto, o conhecido semanário oferece o romance, em très edições consecutivas, a que se seguirão, em outras três edições, textos de seis escritores atuais que "trazem" Os Maias até 1973- e um sétimo e último volume sairá um estudo, sobre o romance, do reputado especialista queirosiano Carlos Reis. Maria do Rosário Cunha, falará sobre a futura edição crítica de Os Maias. Kyldes Batista Vicente, sobre a minissérie da TV Globo que os teve por base- enquanto se lembram também suas adaptações ao teatro (bem como a falhada tentativa do próprio Eça), com o testemunho da encenadora Filomena Oliveira. E ainda o que pretende ser uma sua próxima adaptação ao cinema, em entrevista com o realizador João Botelho.
Uma versão dramatúrgica
Filomena Oliveira
Nesta adaptação dramatúrgica para cinco atores em palco e nove atores em filme, salienta-se uma visão realista da obra, dando continuidade ao estilo do autor e, porque apresentado em Sintra, exploram-se, em representação vídeo, os ambientes românticos da Serra louvados pelo maestro Cruges e o poeta romântico Tomás de Alencar, as estadias de Maria Eduarda no Hotel Lawrence e o encontro de Carlos Eduardo no Hotel Nunes com o raquútico Eusebiozinho e com o devasso jornalista Palma Cavalão e as suas espanholas.
No interior de uma visão realista da obra, destacam-se os figurinos da época, o constante humor que atravessa a representação dos atores, nomeadamente da personagem Dâmaso Salcede ("Chique a valer!) e a ironia presente na representação de João da Ega ("A única ocupação dos ministros é cobrar imposto e fazer empréstimo").
No início da peça, o humor e a ironia são minimizados face ao elemento dramático do suicídio de Pedro da Maia; no final, pelo elemento de Carlos da Maia e Maria Eduarda.
Cético o final da peça, como o final do romance, Ega confessa pertencer a uma geração que falhou a vida, adiantando, budistícamente, que " não vale a pena correr com ânsia para nada, nem para o amor, nem para a glória, nem para o dinheiro, nem para o poder...". Assim termina Os Maias, com Ega e Carlos Eduardo atravessando a plateia do grande auditório a correrem para o jantar no Hotel Bragança: "Lá vem um americano, ainda o apanhamos!". Não correm pela vida, correm por uma refeição. Destino trágico dos portugueses!
A produção dramatúrgica d'Os Maias insere-se na estratégia cultural da ÉTER, companhia especializada na criação artística em monumentos patrimoniais. Assim, apresentará na próxima temporada cinco espetáculos que, de certa forma, iluminam a história e a cultura portuguesaa: Memorial do Convento, de José Saramago, no Palácio Nacional de Mafra e na Fundação José Saramago; Navegar-Camões, Pessoa e o V Império, no Mosteiro dos Jerônimos; Frei Luís de Sousa, de Almeida Garret, no Panteão Nacional; Os Maias, de Eça de Queirós, no Centro C. Olga Cadaval, e Vieira- O Sonho do Império, no Museu Nacional do Teatro. Acabou de representar Liberdade, Liberdade!, peça sobre os presos políticos durante o regime do Estado Novo, na Guiné-Bissau, depois de ter sido apresentado o mesmo espetáculo, no ano anterior, em Macau.
Os Maias tem sido diversas vezes adaptado ao teatro, sendo o primeiro registro de 1945, com encenação de Amélia Rey Colaço e interpretação da sua companhia. Sem se ser exaustivo, registe-se, nos anos seguintes, a do Teatro Independente de Oeiras (1995), do Centro Dramático Intermunicipal Almeida Garrett-Teatro da Malaposta (2001), da Companhia de Teatro na Educação do Baixo Alantejo (2002) e do Teatro Experimental do Porto(2004), esta com encenação de Norberto Barroca. Nas ainda mais recentes, destaque-se a do Teatro Noroeste, do Centro Dramático de Viana, em 2007 e 2012, e a que António Torrado fez para o Teatro da Trindade, em 2009. Filomena Oliveira apresenta a encenação que fez (de uma adaptação também sua e de Miguel Real), em 2010, para a ÉTER, e que ainda se mantém em cena, em Sintra.A presente versão dramatúrgica d'Os Maias, de Eça de Queirós, em cena no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, há quatro temporadas, um espetáculo da ÉTER-Produção Cultural, consiste na condensação dramática dos principais momentos, dos conflitos mais importantes e das personagens e acontecimentos centrais da obra, captando a sua essência estruturante como obra literária, traduzida para a linguagem dramática e cénica num espetáculo que unifica e harmoniza três dimensões estéticas diferentes: a representação dos atores em palco, a representação dos atores em filme-vídeo e a música, elemento não menos decisivo para a totalidade do espetáculo.
Nesta adaptação dramatúrgica para cinco atores em palco e nove atores em filme, salienta-se uma visão realista da obra, dando continuidade ao estilo do autor e, porque apresentado em Sintra, exploram-se, em representação vídeo, os ambientes românticos da Serra louvados pelo maestro Cruges e o poeta romântico Tomás de Alencar, as estadias de Maria Eduarda no Hotel Lawrence e o encontro de Carlos Eduardo no Hotel Nunes com o raquútico Eusebiozinho e com o devasso jornalista Palma Cavalão e as suas espanholas.
No interior de uma visão realista da obra, destacam-se os figurinos da época, o constante humor que atravessa a representação dos atores, nomeadamente da personagem Dâmaso Salcede ("Chique a valer!) e a ironia presente na representação de João da Ega ("A única ocupação dos ministros é cobrar imposto e fazer empréstimo").
No início da peça, o humor e a ironia são minimizados face ao elemento dramático do suicídio de Pedro da Maia; no final, pelo elemento de Carlos da Maia e Maria Eduarda.
Cético o final da peça, como o final do romance, Ega confessa pertencer a uma geração que falhou a vida, adiantando, budistícamente, que " não vale a pena correr com ânsia para nada, nem para o amor, nem para a glória, nem para o dinheiro, nem para o poder...". Assim termina Os Maias, com Ega e Carlos Eduardo atravessando a plateia do grande auditório a correrem para o jantar no Hotel Bragança: "Lá vem um americano, ainda o apanhamos!". Não correm pela vida, correm por uma refeição. Destino trágico dos portugueses!
A produção dramatúrgica d'Os Maias insere-se na estratégia cultural da ÉTER, companhia especializada na criação artística em monumentos patrimoniais. Assim, apresentará na próxima temporada cinco espetáculos que, de certa forma, iluminam a história e a cultura portuguesaa: Memorial do Convento, de José Saramago, no Palácio Nacional de Mafra e na Fundação José Saramago; Navegar-Camões, Pessoa e o V Império, no Mosteiro dos Jerônimos; Frei Luís de Sousa, de Almeida Garret, no Panteão Nacional; Os Maias, de Eça de Queirós, no Centro C. Olga Cadaval, e Vieira- O Sonho do Império, no Museu Nacional do Teatro. Acabou de representar Liberdade, Liberdade!, peça sobre os presos políticos durante o regime do Estado Novo, na Guiné-Bissau, depois de ter sido apresentado o mesmo espetáculo, no ano anterior, em Macau.
Palácio Nacional de Mafra
Fundação José Saramago
Panteão Nacional
Centro C. Olga Cadaval
Museu Nacional do Teatro Hotel Lawrence
Hotel Bragança
Fonte: JL
Próximo post: Eça dramaturgo falhado
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