Por Bruno Dorigatti
Um passeio pelas incontáveis maravilhas naturais do país em 3D, é o que promete a primeira animação realizada com esta tecnologia no país. Brasil animado, de Mariana Caltabiano, na verdade mistura animação 2D com imagens documentadas das cataratas de Foz do Iguaçu, as dunas e praias de Canoa Quebrada CE), Porto de Galinhas e Olinda (PE) o Rio de Janeiro, entre outras paisagens deslumbrantes em três dimensões, para contar a história de dois cachorros que trabalham com cinema e rodam o país atrás do raro Grande Jequitibá Rosa, o gancho para passear Brasil afora e apresentar para as crianças nossas belezas naturais e a importância de preservá-las.
Stress, empresário paulista que só pensa em trabalho e dinheiro, e Relax, diretor de cinema carioca mais tranqüilo, nasceram juntos com As aventuras de Gui & Estopa, primeiro longa-metragem animado feito por Mariana e sua equipe. “Criei esses dois personagens para mostrar para o público como era feito um desenho animado, desde a ideia até o lançamento na sala de cinema. Eles faziam essa série de animação, mas não tinham ideia de como fazer o desenho. E o público ia descobrindo junto com eles, com bastante humor, como era esse processo de criação. Eu vi que eles renderam bastante, são opostos, um estressado, o outro totalmente relaxado. Imaginei que poderia ser divertido os dois viajando pelo Brasil e mostrando, não só para as crianças, tudo o que tem de legal aqui. O Brasil é um país como poucos no mundo, como se fossem vários países reunidos em um só, realmente muito rico”, explica a diretora em entrevista ao SaraivaConteúdo.
“Começamos com animação 2D. Alguns da equipe já tinham trabalhado com Mauricio de Sousa, em publicidade. Era uma equipe que já trabalha junto, se conhecia, e se juntaram à minha equipe da internet. A gente fez As aventuras de Gui & Estopa, nosso primeiro longa, que está hoje no Cartoon Network. Deu supercerto, os patrocinadores ficaram felizes. A gente acabou fazendo Gui& Estopa na natureza, onde já misturávamos imagens reais de bichos com animações”, conta a diretora. Ela escreveu Brasil Animado, junto com o Eduardo Jardim, dublador do filme. “O Marcelo Siqueira, responsável pela pós-produção, já vinha estudando a tecnologia 3D há muitos anos. Ele ia ao estúdio e falava: ‘Esse filme tem que ser em 3D!’ Eu ainda não estava totalmente convencida, levei o projeto para o Cadu [Carlos Eduardo Rodrigues, diretor] da Globo Filmes, e, quando ele viu as imagens dos personagens e as paisagens pelas quais eles passavam, gostou da ideia”, diz Mariana.
Nos testes, recorda, tudo funcionava, mas havia o receio de como iria se comportar a animação bidimensional no 3D, pois nunca tinham visto antes. “Normalmente a gente vê a computação gráfica. E no primeiro teste, com aquela cena do bondinho no Rio de Janeiro, achei lindo, tinha os personagens em um plano, as montanhas em outro, e sol lá atrás. Lembrou-me aqueles livros onde pulam coisas de dentro. Achei agradável, colorido.”
Sobre as dificuldades, Mariana compara como fazer um duplo twist carpado, o salto criado por Daiane dos Santos, que faz uma ponta no filme, assim como Fernando Meirelles, que emprestou sua voz para dublar a si mesmo, Gisele Bündchen e Guga Kuerten. Todos exemplos de brasileiro que deram certo lá fora, fazendo o que sempre souberam. “Porque animação é aquilo, a minha equipe desenha 12 desenhos para cada segundo de filme, e isso na mão. Só isso já é extremamente trabalhoso. E o 3D exige todo um equipamento, uma preparação. Tivemos que trazer duas câmeras de fora e um equipamento chamado rig, que suporta as câmeras. Uma fica apontada para baixo, a outra para frente, e cada uma representa um olho do espectador. O rig tem um jogo de espelho que junta as imagens. No set, com os óculos, já conseguia ver como a imagem iria se comportar na tela do cinema. Para cada cena, você tinha que fazer um cálculo do que iria ficar mais próximo e mais distante das câmeras, e com base nisso você ajeita a distância das câmeras. Então além do tempo de filmagem, tem que contabilizar esse tempo de ajuste”, explica.
Mariana cresceu lendo gibi da Turma da Mônica, e lá atrás pensava, “quando crescer, quero fazer a mesma coisa que o Mauricio de Sousa. Assisti muito Pica-Pau, Pernalonga, Pantera Cor-de-Rosa, até hoje gosto deste tipo de desenho, do traço, da linguagem. Adoro Os Simpsons, que é para adulto, mas assisto junto com meus filhos. Gosto muito do Bob Esponja também, um personagem meio ingênuo e supercriativo. Acho importante, procurei, no Brasil animado, apesar de a gente ir para um lado mais educativo, uma linguagem que fala tanto com o adulto como com a criança”.
Ela já havia trabalhado com bonecos de manipulação, comecei fazendo a série Zuzubalândia, que passava no SBT, e logo em seguida, foi chamada pela TV Globo, onde criou a Turma da Garrafinha. Ficou três anos fazendo estes programas com bonecos. Em 2000, começou a desenvolver games para a internet e pequenas animações, no Portal Iguinho. E dali evoluiu para histórias um pouco maiores, até que conseguiu um patrocínio e montou um estúdio onde trouxe uma equipe de desenhistas para trabalhar comigo. No momento, estão produzindo a próxima temporada de Gui & Estopae o próximo longa-metragem 3D, Zuzubalândia, baseado no primeiro livro, Jujubalândia.
http://www.youtube.com/watch?v=2YsfuAdgF6A&feature=player_embeddedSaraiva Conteúdo
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