18 julho 2012

“As ‘Girls’ não existiriam sem ‘Sex and the City’”, diz criadora da série

14/07/2012 - POR MARIANE MORISAWA, DE PASADENA (CALIFÓRNIA



Lena Dunham é roteirista e atriz da nova série da moda. Ela contou à Glamour o que as quatro amigas de Nova York tem para dizer

Lena Dunham passou por aquele momento “e agora?” logo depois de se formar na universidade. Foi difícil arrumar emprego, e ela teve de se virar em lojas de bebês e estágios pouco promissores. Hoje, sua vida tomou um rumo bem melhor: aos 25, é criadora, roteirista e atriz de “Girls”, seriado da HBO produzido por Judd Apatow (“Missão Madrinha de Casamento”) que é um dos maiores sucessos da temporada e estreia dia 23 no Brasil. Essas experiências todas – fora uma certa tendência de se envolver com os caras errados – viraram tema dos episódios, protagonizados por quatro garotas de 20 e poucos anos às voltas com as dificuldades da vida adulta. Lena Dunham falou à Glamour:

Muito se falou sobre as semelhanças de “Girls” com “Sex and the City”. Mas acha que “Girls” existiria sem “Sex and the City”?
Acho que essas garotas de “Girls” não poderiam existir sem “Sex and the City”. Suas ideias sobre o que significa ser mulher e o que significa morar em Nova York são totalmente formadas por “Sex and the City” e as ideias de feminismo que existiam no seriado. Eu me lembro de ler o livro “Ele Não Está Tão a Fim de Você” na faculdade porque alguém mencionou em “Sex and the City”. O impacto cultural da série é gigantesco.


 Mas “Girls” é muito diferente
Eu espero que sim. Nós sabíamos que ia haver comparações, porque são garotas em Nova York e são quatro amigas, mas acho que o tom e o conteúdo são diferentes. E também a idade das personagens, elas estão num momento na vida totalmente diferente das mulheres de “Sex and the City”.Mas “Girls” é muito diferente.

É bem novo ver que essas garotas moram em apartamentos apertados e bagunçados, normalmente não é assim na televisão.
Eu sei! A produtora Jenni Konner e eu dizíamos, quando estavam construindo os cenários: “Temos de deixar esses apartamentos bem pequenos”. Aí quando estávamos rodando vimos que chatice é filmar num cenário apertado! Você deseja não ter tido essa ideia (risos).


Girls home (Foto: Divulgação)

Sendo tão jovem, você é invejada por muitos. Como foi que conseguiu ter seu projeto aprovado pela HBO?
Eu fiz o filme “Tiny Furniture” e tive sorte porque as pessoas viram e houve repercussão. Isso possibilitou que eu encontrasse as pessoas da HBO, Jenni Konner e Judd Apatow. Acho que só foi possível porque decidi fazer um filme sozinha, sem apoio, e isso levou a que pessoas me apoiassem. Agora tenho essa infraestrutura excelente, o que torna tudo mais fácil e menos aterrorizante do que poderia ser. Mas realmente não esperava ter só 25 anos e passar por essa experiência! (risos)


Não há pressão em trabalhar com Judd Apatow, diretor de tantas comédias de sucesso e produtor de “Missão Madrinha de Casamento”?
Sim! Quando o encontrei pessoalmente pela primeira vez, ele foi a Nova York, e eu estava tão nervosa! Fiquei esperando na frente de seu hotel, porque cheguei uma hora adiantada, usava minha roupa mais adulta (risos). Aí ele desceu usando camiseta e shorts de ginástica e parecia tão relaxado que, sem trocar uma palavra, todo o medo foi embora. Ele é uma pessoa tão calorosa e confortável... Colabora muito e tem bastante experiência, mas não fica demonstrando isso. Quanto ao sucesso de “Missão Madrinha de Casamento”, só nos ajuda, porque o filme prova que Judd entende aquelas comediantes, aquele público... Isso sempre apareceu em seu trabalho, mas agora ficou provado que as mulheres podem ser engraçadas. É uma boa atmosfera para um seriado como o nosso.


O seriado vai falar de tudo? Gravidez, aborto? Não há nenhum assunto proibido?
Tentamos falar de tudo que uma garota dessa idade possa experimentar. Tentamos ser sensíveis, mas também ser realistas. São preocupações quando você tem essa idade: gravidez, DSTs, questões emocionais. Quando você tem 24 anos, sua vida envolve tipos diferentes de drama (risos).


Seus pais parecem bastante liberais. Eles viram o seriado? Houve algum momento esquisito?
Eles viram algumas coisas, porque querem acompanhar pela televisão, o que acho bem fofo. Se bem que, se passar na mesma hora de “Homeland”, vamos ter um problema (risos). Mesmo assim, sempre é esquisito quando seus pais a veem fazendo uma cena de sexo. Meu pai, mais do que minha mãe, cobre seus olhos. Ele não fica chateado que eu tenha feito, mas acha estranho assistir. O que me parece totalmente razoável (risos).


Tanto “Tiny Furniture” quanto “Girls” têm homens se comportando de maneira realmente irritante em relação às garotas. Isso é algo comum entre rapazes nova-iorquinos dessa idade?
É uma combinação de algo particular de nova-iorquinos dessa idade, que se sentem no direito, que acham que podem falar com as garotas da maneira como quiserem, porque estamos em tempos liberais, que têm medo de compromisso, e minha própria atração inexplicável por tipos irritantes, sei lá por que razão... (risos) É minha cruz!


Você mencionou que passou por uma série de humilhações. Qual a pior de todas?
Elas não são grandiosas. São pequenas coisas que acontecem diariamente, quando você está tentando se relacionar com outras pessoas. Meus dois primeiros filmes são sobre caras que querem dormir na sua cama, mas nem trocar um beijo. São relações confusas, indefiníveis, que levam a muita vergonha e ansiedade. Colocando-as na tela eu posso pensar bastante nelas e aí repetir tudo de novo! (risos)


Passou por estágios horríveis, como sua personagem?
Sim. Teve um em que precisei cuidar do marido de uma pessoa, porque ele estava gripado, e ela não queria ficar doente (risos). Realmente, não queria usar meu diploma para isso. Ao mesmo tempo, não queria ser demitida. Mas também teve um dia em que todos estavam fora e eu me tranquei para fora do escritório. Minhas coisas estavam todas lá dentro... Fui para casa, não sabia mais o que podia fazer! Eu era a pior estagiária do mundo.
  

Você tira tantas coisas da sua vida para o seriado, mas sua vida deve ter mudado tanto... não teme que fique sem material?
Temos uma grande equipe de roteiristas, então, contando todo o mundo, temos um bom estoque de histórias e experiências. Mas, mesmo se você é mais bem-sucedida no trabalho, ainda assim se relaciona com outras pessoas, e isso nunca é simples só porque as questões profissionais estão melhores. Espero que não, mas acredito que sim, haverá mais experiências pessoais para colocar no seriado! (risos)
Fonte: Glamour

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