21 julho 2014

Saindo da Estante: Desculpe a Nossa Falha de Ricardo Ramos



Apresentação:
As pessoas não são inteiramente boas ou más, não fazem apenas o certo ou o errado. Tirando as exceções que confirmam a regra, inventando santos ou demônios, o normal é que acertemos e erremos, realizemos coisas positivas e negativas, quase que ao mesmo tempo.Em outras palavreas, o bem e o mal estão dentrode nós. Lutando entre si, ganhando e perdendo terreno, ocupando esse campo de batalha do homem que se chama vida. E só o exercício de viver, que se traduz em experiência, nos aperfeiçoa e melhora.
Desde o seu título, Desculpe a Nossa Falha, esta novela trata de erros e enganos. Mão apenas individuais, mas coletivos. Como sempre, uma ação determinada se projeta, abre espaço, e repercute em cadeia, no efeito de boliche. Envolvendo mais e mais gente. Ainda que partindo de um fato ruim, ou reprovável, não exite unicamente esse lado, temos a outra face da moeda, generosa e solidária. Vamos além disso, do simples crime e castigo. Pouco a pouco vemos que tudo tem o seu reverso: culpa, medo, queda e remir, vencer, levantar. Ou seja, um tom geral de esperança. 
Tinha de ser assim, pois este é um livro sobre jovens. jovens estudantes de um colégio, eles e suas ligações pessoais, familiares, com professores. A tônica é a amizade. E no clima descontraído, irreverente, alegre, tudo sucede rapidamente, porque o ritmo da juventude é acelerado. Quer dizer: há muito acontecendo, se desdobrando, prendendo a atenção. A espectativa se mantém do princípio ao fim, naquilo de "como é que será?. O que busca o leitor e se chama interesse de leitura.
Por que isso? Porque um livro, mesmo querendo ser a sério, não precisa ser devagar. Nem pesado, nem chato. Muito menos didático, naquele sentido  de edificação, já que a sabedoria popular nos ensina: conselho não se dá, se pede. E ninguém encomenda a nenhum autor. Mesmo que encomendasse, ele estaria a fim?
Desculpe a Nossa Falha  mostra que se pode ler um livro com prazer, gosta da sua leitura, e ainda aprender. Não na acepção antiga, de ensinamento. Mas no jeito atual, de agora, de literatura como vida. Como pensar na vida, falar da vida, achar na vida dos outros o que pode coincidir com a nossa, e assim nos convocar, comover, construir. Literatura é uma ponte, entre o autor e o público, um texto que deve chegar à compreensão e ao sentimento dos demais.. 
O jovem não entende isso? Vamos deixar de bobagem. O jovem não é a criança de ontem , nem o adulto de amanhâ. O jovem é o adulto de hoje, a nossa maioria, brasileira. Com as suas inquietações, as dúvidas e os projetos, o seu mundo que aponta para o futuro. Não está chegando, já chegou. E este livro foi escrito para ele, em feitio de afinidade, concordância e homenagem.
                                                                                              Ricardo Ramos

Ricardo de Medeiros Ramos nasceu em Palmeira dos ìndios, Alagoas, a 4 de janeiro de 1929, filho do escritor Graciliano Ramos. Cedo foi para Maceió, onde fez seus primeiros estudos. Aos quinze anos mudou-se para o Rio de Janeiro, ali se iniciando no jornalismo, enquanto cursava os preparatórios. Escola noturna, depois faculdade, também à noite: Direito. São dessa época os seus contos iniciais, publicados avulsamente em revistas e suplementos literários. Formado (1951), nunca advogou. Já  então se dedicava à propaganda. Levado por essa profissão, cinco anos mais tarde se transferiu para São Paulo, cidade onde reside.
Estreou com Tempo de Espera  (1954), um livro de contos. Autor sempre fiel ao gênero e de produção extremamente regular, ele nos deu, nos domínios da história curta, vários títulos(ver lista de obras). Quase trinta anos atrás, surgiu na primeira antologia: Maravilhas do Conto Morderno Brasileiro,    organizada por Edgard Cavalheiro. De lá para cá, apareceu em duas dezenas de coletâneas, como escritor representavivo do nosso conto atual. Além dessas, vem figurando em diversos panoramas da história curta nacional editados no estrangeiro, traduzido para o inglês, espanhol, alemão, russo e japonês. Na recente antologia 20 contos Brasileiros, lançada pela Georgetown University, de Washington, o organizador R. Anthony Castagnaro escreveu sobre o contista: "à sua maneira própria e original, Ricardo Ramos está adiantando a solução do problema de exprimir o essencial em ficção, tão nobremente antecipada por seu pai mundialmente famoso".
Desde o começo bem acolhido pela crítica, está presente em dicionários, enciclopédias e volumes de historiografia literária, tem contos em antologias escolares,  livros adotados em colégios e obra estudada em teses universitárias. Recebeu vários dos nossos mais importantes prêmios literários: o Afonso Arinos (contos) e o Coelho Neto (romance), da Academia Brasileira de Letras;   por três vezes o Jabuti    (conto, novela e romance), da Câmara Brasileira do Livro; o Prefeitura Municipal de São  Paulo, para obra de ficção; o daAssociação Paulista dos Críticos de Arte, quando se destacava apenas um título, o lançamento do ano; e, para o conjunto de obra de contista, o Guimarães Rosa, do Governo do Estado do Paraná..
Obras:
Tempo de Espera, contos
Terno de Reis, contos
Os Caminhantes de Santa Luzia, novela
Os Desertos, contos
Rua Desfeita, contos
Memória de Setembro, romance
Matar um Homem, contos
Circuito Fechado, contos
As Fúrias Invisíveis, romance
Toada para Surdos, contos
Os Inventores estão Vivos, contos
O Sobrevivente, contos
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