Josef Ecker ama sua terra natal – o que ele percebe quando está longe de casa. Como professor de música, ele trabalha não apenas nos Alpes de Chiemgau, mas por toda a Alemanha. Há 13 anos, ele ofereceu pela primeira vez aula de canto alpino e nunca mais parou.
Atualmente, cerca de dez pessoas o procuram todos os dias interessadas em aprender esta forma típica de canto bávaro. Entre os alunos estão desde donas de casa a gerentes de empresas, inclusive um grupo de britânicos, que sai de Londres para fazer um curso noturno.
A mídia já apelidou Josef Ecker como "Rei do Canto Alpino". Ele também poderia ser escolhido como o "rei do traje típico", com sua calça de couro até o joelho e a imagem do rei bávaro Ludwig 2º no suspensório . "O rei era um incentivador da música", ressalta Ecker.
Desafios
É preciso uma certa técnica para praticar o canto. "Uma voz forte, a respiração correta por meio do diafragma e o lugar adequado são essenciais", afirma o professor, apontando para seu lar nos Alpes, o Hochfelln. Ele garante que preferiria andar os 1.674 metros até o topo. "É assim que é para um bávaro: conquistamos os Alpes preferencialmente a pé." Mas a aventura, claro, duraria muito. Por isso ele usa o teleférico.
Até a metade do caminho, o professor segue como um guia turístico. Ele mostra o Maxhütte, local onde há 450 anos já havia exploração de minérios. Atualmente existe um museu instalado nas construções antigas, ao pé dos Alpes, onde os visitantes podem ter informações sobre as histórias de exploração do ferro e do processamento de metal. Ecker aponta ainda um pântano, uma área de proteção onde alguns tipos de aves se reproduzem.
"Aqui se pode fazer escalada, montanhismo, caminhada. No lago é possível andar de barco e nadar", diz, entusiasmado. De bicicleta também se pode percorrer toda a volta do lago Chiemsee, de aproximadamente 60 quilômetros.
Após 15 minutos no teleférico, chega-se ao topo do Hochfelln. A 1.674 metros de altura é possível desfrutar da bela vista dos Alpes e das redondezas. No horizonte brilham ao longe os cumes cobertos de gelo da Grossglockner, a maior montanha da Áustria. Adiante, vê-se as construções dos locais onde se praticam esportes de inverno na comunidade bávara de Ruhpolding. Lá do alto, segundo o professor, é um lugar adequado para praticar o canto alpino. "A paisagem e a natureza são meus maiores parceiros. Aqui posso respirar livre", afirma.
Ele explica que a preparação começa com a agitação dos braços fazendo um movimento circular, como se fosse abraçar alguém. Ao mesmo tempo, ele alonga a barriga e respira fundo. "É preciso sentir o ar também na região dos rins". E então ele solta a voz. No verão, conta Ecker, a resposta ao seu canto chega rapidamente de algum turista.
Antigamente, os moradores das regiões alpinas se comunicavam a distância por meio deste canto. A arte era praticada em todos os lugares, inclusive nas áreas para pedestres.
O proprietário da cabana em Hochfelln, Meier Loisl, é mais reservado e passa praticamente o ano inteiro lá em cima, e no inverno pode-se esquiar até o vale. Em Hochfelln ele tem tudo que precisa: uma linda vista de dia e sossego à noite. E Loisl nem precisa saber muito de canto alpino: ele tem conexão de internet sem fio em casa.
Nos tempos do rei
O rei bávaro Ludwig 2º certamente teria incentivado a moderna técnica. Embora o nobre fosse contra a expansão das linhas de trem no reinado – porque elas destruíam a solidão idílica e a natureza romântica do lugar –, ele mesmo desfrutava as viagens noturnas nos primeiros trenós elétricos iluminados.
Como lembrança do 125º aniversário de morte do monarca, será apresentada uma exposição multimídia no castelo de Herrenchiemsee, na ilha de mesmo nome, sobre como era a vida naquele tempo. Peças originais foram selecionadas especialmente para o evento. Pela primeira vez, os turistas poderão visitar as salas inacabadas do Templo da Glória, construído segundo modelo do Palácio de Versalhes, em homenagem o rei francês Luis 14.
A exposição oferece ainda uma representação resumida e objetiva do rei, cuja morte permanece misteriosa. Os últimos vestígios de Ludwig 2º foram encontrados no dia 13 de junho de 1886 no lago Starnberg. O rei teria cometido suicídio, atirado por engano com a arma de seu médico acompanhante ou o ele simplesmente foi assassinado?
Os ponteiros do relógio de bolso que afundou na água marcavam 18h54. Seu guarda-chuva também foi encontrado na margem. Os dois objetos estão expostos no Herrenchiemsee. Eles fazem parte da crendice de que Ludwig 2º ainda circula pelo local.
Terra do papa
Vestígios da passagem de um outro bávaro de grande notoriedade também se encontram nos arredores do Chiemsee. O papa Bento 16 visitou o morro Ratzinger, uma colina arborizada perto da comunidade de Prien, de onde se pode ter uma vista maravilhosa do lago e da montanha Chiemgau, dez quilômetros distante dali.
O lugar não recebeu este nome devido ao atual líder da Igreja Católica, mas é proveniente do povoado de Ratzing, que fica próxima dali. Mas existe, de fato uma ligação: a mãe do então cardeal Joseph Ratzinger, atual papa, morava no município de Rimsting, na região do morro Ratzinger. Por esse motivo, o religioso visitou uma vez o local e peregrinou pela trilha das frutas, com árvores de todo o mundo. Um árvore de tília plantada pelos moradores de Rimsting lembra o acontecimento.
Autora: Karin Jäger (ms)
Revisão: Nádia Pontes
DW-WORLD.DE
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