Já são 34 trabalhos que Antônio Petrin, de 72 anos, soma na televisão. Entre outros, merecem destaque Pantanal, Malu mulher, Éramos seis e Chiquinha Gonzaga. No cinema, são 11 filmes. O último, Bodas de papel, foi lançado em 2005 com direção de André Sturm. Mas, sem dúvida, é no teatro que o ator mais se sente livre para explorar as mais distintas formas de interpretação. Completando 24 peças, Petrin está atualmente em cartaz, em São Paulo, com a comédia de costumes Mambo italiano.
O espetáculo, escrito pelo canadense Steve Galluccio, obteve grande sucesso no Canadá, Estados Unidos e em montagens pela Europa. No Brasil, ganhou tradução e direção de Clarisse Abujamra. A trama gira em torno das farsas que regem as estruturas familiares. Tanto que, em cena, Petrin é Gino, cujo filho mantém um relacionamento homossexual enrustido. “Essa é a função do teatro: olhar, acompanhar, analisar e criticar a evolução da sociedade e, quase sempre, sua decadência”, afirma.
Ele também conta que o título do espetáculo remete à necessidade de se alterarem os padrões sociais. “Dançar o mambo significa quebrar as regras familiares. Chega das tarantelas. Para sobreviver nessa sociedade, você tem de optar por uma coisa ou outra e tentar ser feliz. Eu já abri mão de muitas coisas e deixei de dançar o ‘mambo’. Mas, no momento mais importante, segui minha intuição: virei ator. E sou muito feliz depois de um percurso de 42 anos. Dancei como ninguém”, garante.
Petrin nasceu em Laranjal Paulista, mas foi criado em Santo André, no Grande ABC. O primeiro contato com o teatro se deu na igreja do bairro em que vivia. Lá, o menino começou a participar de peças religiosas e algumas comédias. Mais tarde, estudou desenho industrial, mas se encontrou mesmo na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD – USP), onde conseguiu vislumbrar seu futuro. Também foi na EAD que Antônio Petrin mergulhou em livros que o ajudaram muito na condução de sua carreira artística. “A escola tinha livros especializados do mundo todo. Como o domínio do inglês e francês não eram suficientes, eu recorria à teórica e pesquisadora Maria Tereza Vargas, na época secretária, que muito auxiliava”, relembra.
Com a lembrança em mente, Petrin aproveita para indicar as obras de sua formação como ator. ©
ILÍADA,
Homero
“É um livro difícil de seguir, mas necessário e fundamental para entender o sentido épico da narrativa. Podemos dizer que tudo começa ali.”
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE FILOSOFIA,
Georges Politzer e Guy Besse
“Este título está na minha lista porque se trata de uma leitura fundamental exigida pelo mestre Antunes Filho.”
A PREPARAÇÃO DO ATOR,
Constantin Stanislavski
“Tempos atrás, este livro era a nossa bíblia. Ele contém exercícios que até hoje utilizamos, mas que alguns atores e diretores já não seguem mais.”
BERTOLT BRECHT TEATRO COMPLETO 1,
Bertolt Brecht
“É importante toda a teorização dos livros do Brecht, pois ele introduziu um novo conceito na narrativa de um teatro épico e do distanciamento.”
O PONTO DE MUDANÇA
Peter Brook
“Em vez de ditar regras ou dar respostas acadêmicas, faz sempre perguntas a si próprio e a nós, com uma curiosidade que estimula a reflexão.”
Revista da Cultura
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