Há quem o chame de lenda viva, monstro sagrado ou ícone. Na entrega do Prêmio Multishow 2010, em agosto último no Rio de Janeiro, a atriz Fernanda Torres – que participava do evento – até que arriscou, em tom de brincadeira, para se referir a ele, um “Tônia Carrero do rock ‘n’ roll”. Mas é como divino do rock que o autêntico Serguei mais se identifica.
Sem parar nenhum minuto, ele é o homem que já foi comissário de bordo, teve um affair com Janis Joplin – e chegou a morar com ela, durante um mês, em um hotel nos Estados Unidos. Assim como viveu os três dias do Woodstock, frequentou o legítimo ciclo sex, drugs and rock ‘n’ roll em festas com Jimi Hendrix e Jim Morrison, além de já ter se apresentado no Rock in Rio 2 e 3, garante que continua com fôlego total. “Eu topo qualquer coisa. Tesão é o que mais tenho. O único limite que o tempo me impôs foram algumas falhas na memória”, dispara.
Tanto é que, aos 77 anos de idade e dois anos depois de lançar com a banda Pandemonium o álbum Bom selvagem, ele estreia neste mês no site do canal Multishow o programa Serguei Rock Show, sem data definida ainda para ser exibido. Na atração, dividida em dez episódios, o roqueiro responde a perguntas feitas por uma voz em off, toca algumas músicas com sua banda e realiza entrevistas. Cantores como Zéu Britto e Rogério Skylab já foram interpelados por ele. Também na TV, ainda tem contrato de um ano com a Rede Record para participar do programa do comediante Tom Cavalcante.
O restante do tempo, Serguei passa em sua casa, em Saquarema, litoral do Rio. Batizada como Templo do Rock, já recebeu mais de 20 mil visitantes que podem, no local, acompanhar a trajetória da música nos anos 1960 por meio de recortes, fotos, discos e vídeos. Lá também o cantor vive sua rotina: gosta de acordar por volta das 9h, adora sorvete com waffles no café da manhã e se diverte com seus seis cachorros. Mas também se emociona algumas vezes durante o dia ao relembrar o passado, especialmente a perda de amigos que já partiram, como a Janis (claro!) e o Cazuza. “Até hoje, quando falo muito deles, começo a chorar”, afirma.
Com tantas histórias, ninguém melhor do que Serguei para indicar aqui os melhores álbuns que marcaram a década de 1960. ©
I GOT DEM OL' KOZMIC BLUES AGAIN MAMA!,
Janis Joplin
“Na minha opinião, este álbum, de 1969, é tão profundo, lindo e intenso quanto a própria Janis era. Inesquecível!”
DEEP PURPLE,
Deep Purple
“Também de 1969, este trabalho da banda inglesa é ao mesmo tempo sutil e sensível, mas com toda a força do autêntico rock and roll.”
LED ZEPPELIN,
Led Zeppelin
“É difícil encontrar palavras para definir o disco, lançado em 1969. Mas diria que traz magia, beleza e consegue ir do zero ao mil na intensidade da permutação da voz de Robert Plant.”
ARE YOU EXPERIENCED?,
Jimi Hendrix
“Considero este álbum, de 1967, absoluto. Porque, embora seja o primeiro do Hendrix, ele consegue sintetizar toda a força que haveria nos álbuns seguintes.”
MAGICAL MYSTERY TOUR,
The Beatles
“Não conheço letras mais psicodélicas e audaciosas como eles conseguiram com este disco, lançado em 1967. É totalmente magnífico.”
Revista da Cultura
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