Técnicos x técnicos

A Copa do Mundo será palco para os confrontos entre os melhores jogadores do mundo, mas também estará lá a prova de um trabalho construído pelos comandantes dessas equipes. Difícil definir o que faz um bom treinador, mas hoje o que se vê é um time de técnicos estrategistas: Fabio Capello, Marcello Lippi, Vicente Del Bosque, Joachim Lôw, Parreira e Dunga.

Parte dos que se destacam se assemelham por terem sido jogadores anteriormente, como os ex-volantes Dunga e Fabio Capello. O brasileiro, por exemplo, sempre se destacou como jogador pela capacidade de liderança e marcação. nos jogos, aposta no esquema tático 4-5-1, muito comum nos clubes europeus, formado por uma linha de quatro jogadores na defesa, dois volantes, três meio-campistas e um centro-avante. A estratégia resulta em contra-ataques rápidos e tabelas.

Outro que não abre mão do esquem 4-5-1 é Marcello Lippi, que comanda a seleção italiana." Tradicional, Lippi não apresenta grandes mudanças no esquema tático da Azurra, que ainda não cedeu aos encantos ofensivos tão comuns nos times europeus, especialmente da Espanha. Ele continua a preferir um sistema forte na defesa e um meio de campo que privilegia a criação.", aponta Marcelo Barreto, apresentador do SporTVNews e autor do livro Os 11 Maiores Camisas 10 do Futebol Brasileiro (Contexto). Mesmo sendo uma estratégia conservadora, foi assim que Lippi levou um time atolado em problemas à conquista da Copa do Mundo de 2006.

O italiano Fabio Capello, depois de fazer os clubes Milan, Real Madrid, Roma e Juventus conquistarem campeonatos europeus importantes, se dedica à seleção inglesa. Ao contrário do que muitos especialistas pensavam, não abriu mão do tradicional esquema britânico 4-4-2. Como os jogos estão cada vez mais táticos, Capello prioriza jogadores com qualidade técnica apurada para aumentar a imprevisibilidade na armação de jogadas. "Capello é um dos poucos técnicos de ponta no futebol mundial à frente de uma seleção. Muitos achavam que ele optaria por um sistema conservador, levando a Inglaterra de volta a um estilo defensivo e pouco criativo. Mas Capello manteve a tendência que o futebol ofensivo dos grandes clubes ingleses impôs à seleção nacional. Ele só encaixou melhor algumas peças e, agora, o English Team está mais compacto e funcional, e pode lutar pelo título da Copa", aposta Barreto.

Com um estilo bem peculiar de comandar, Diego Maradona também aderiu ao modo britânico 4-4-2,esquema pelo qual tem obtido seus melhores resultados. Entretanto, a crítica em torno do seu trabalho é pela ausência de estratégias refinadas para a movimentação dos jogadores, marcação e boas propostas ofensivas. "Maradona tem sido uma incógnita desde que começou a carreira de técnico da seleção argentina. Ainda parece que ele não tem uma ideia tática definida", opina Maurício Noriega, comandante e apresentador do SporTV e autor do livro Os 11 Maiores Técnicos do Futebol Brasileiro (Contexto).

Obcecado por esquemas táticos, Joachim Lôw, treinador da seleção alemã, tem estilo parecido com o do antecessor Klinsmann - do qual era assistente -, priorizando o ataque ao invés da tradicional marcação e dando maior agilidade ao diminuir o tempo entre o início da jogada e a sua finalização.

Sem ter vivido a experiência como jogador - mas sim como preparador físico -, Carlos Alberto Parreira, atual treinador da África do Sul, destaca-se por ser um técnico puramente teórico e com poder de observação e análise acentuados. Já disputou Copas comandando Kuwait, Emirados Árabes, Brasil e Arábia Saudita. Agora, Parreira tem apostado em outra grande característica sua: o preparo psicológico e a recuperação da confiança do time, baseada na união entre os jogadores. É assim que ele vai quebrar o recorde ao ser o único treinador do mundo a participar de seis Copas e, se tudo sair como esperado, tentar ser o técnico que mais disputou jogos nos mundiais.

Almanaque Saraiva