andreia
12 de março de 2010
in Entrevista
“É preciso adquirir carinho pelo hábito da leitura”
A catarinense Juliana Steffens, de geógrafa virou uma das principais referências na internet quando o assunto é chick lit
Juliana Luiz Steffens, 24 anos, nasceu em Florianópolis (SC), sob o signo de Libra. Formada em Geografia pela Universidade do Estado de Santa Catarina, ela não exerce a profissão. Ao invés de mapas e acidentes geográficos, se dedica a promover o gênero Chick Lit no Brasil, através do seu blog – Lost In Chick Lit – um dos pioneiros no país sobre o gênero. Nesta entrevista, concedida à jornalista Andreia Santana, a blogueira fala da sua cruzada em prol da promoção deste gênero literário feminino que está ensinando os adolescentes o prazer da leitura. Confira:
Por quê decidiu criar uma página dedicada ao Chick Lit?
Juliana Steffens - Desde que conheci o gênero, ao ler “O Diário de Bridget Jones”, me apaixonei pelo estilo: confiante, cheio de humor e romance. E por isso passei muito tempo frustrada com a falta de informação sobre os chick lits no Brasil, não existia um único site que falasse sobre o assunto. Sempre amei literatura e escrever sempre foi um hobby, então criei o Lost in Chick Lit como um meio de extravasar minha opinião sobre os livros, autores e lançamentos deste gênero tão divertido. No inicio achava que ninguém iria ler, mas foram surgindo leitoras e diversas oportunidades de transformar esta paixão em algo mais sério e profissional. Hoje fico até um pouco assustada, preciso ter responsabilidade ao escrever a resenha de um livro, por que sei que minha opinião influencia varias leitoras.
Há quanto tempo o blog existe? Você acredita que o seu trabalho em promover este gênero literário no país ajuda a diminuir o preconceito da “academia” contra o chick lit?
O Lost in Chick Lit está no ar há pouco mais de um ano. E acredito que com o tempo o preconceito contra o gênero irá diminuir. A intelectualidade é uma coisa difícil de discutir e é fato que a academia normalmente torce o nariz para livros com narrativa leve e descontraída, mas acho que isso é um grande erro. Explico o porquê: não é comum alguém se apaixonar pela literatura lendo logo de inicio Hemingway, Kafka e Dostoievski, por exemplo. É preciso adquirir carinho pelo hábito da leitura, e isso só acontece quando você se diverte lendo. O mesmo acontece quando assistimos um filme. Assistir aqueles ditos “cults” e profundos é muito interessante, mas as vezes o que precisamos é uma boa comédia romântica para alegrar a rotina de uma semana e trabalho. Os Chick Lits são exatamente esse tipo de literatura, sem pretensão de ser uma obra prima que resistirá aos séculos, mas que são extremamente divertidos, com personagens que as leitoras são capazes de se identificar, situações corriqueiras e que nos divertem durante a leitura. Existe hora para tudo, de leituras pesadas e profundas aos livros que descontraem.
Quando criou a página, qual foi seu maior desafio? E agora que ela já está consolidada, o que te dá mais prazer em manter este blog?
Inicialmente o maior desafio foi aprender os detalhes da plataforma. Sempre fui auto-ditada em artes gráficas, mas nunca havia mexido em uma linha de código HTML, e quando se tem um blog não é necessário apenas conhecimento no seu nicho (no meu caso, literário) mas é preciso uma série de conhecimentos aleatórios sobre como adicionar imagens, modificar cores e layouts, tudo isso aliado a vontade de que seja algo único e especial. Sempre tive facilidade em expressar minhas opiniões, por isso escrever não foi uma grande dificuldade, mas no inicio não conseguia organizar todas as minhas leituras e fazer resenhas de todos os livros que lia. O blog me ensinou a ser muito mais organizada (e responsável), e hoje em dia faço resenhas de todos os livros que leio. O que me dá mais prazer em manter o blog é definitivamente o carinho das leitoras. Fico muito feliz quando alguém ri de algo engraçado e sem pé nem cabeça que escrevi, quando compram algum livro que indiquei e vem me contar o que acharam, ou quando divulgam o meu trabalho porque acham relevante.
Você acredita que ainda existe espaço no mercado editorial brasileiro para o crescimento da chick lit?
O mercado brasileiro do Chick lit é ainda pequeno, comparado ao resto do mundo, mas acredito que irá crescer muito nos próximos anos. Cada vez mais as editoras vêm dando espaço para o gênero, que com suas capas coloridas e chamativas vendem muito bem quando divulgados. Todos os dias recebo noticias de novos lançamentos, novos selos especiais para literatura feminina e novas editoras entrando neste nicho.
Quais suas autoras brasileiras e estrangeiras preferidas do gênero?
Ainda não existem muitos chick lits brasileiros, no entanto os poucos lançados são de qualidade altíssima. Minhas preferidas no momento são as autoras Paula Pimenta, Leila Rego e Fernanda França. A Paula Pimenta é comparada à americana Meg Cabot, uma das rainhas do gênero, na sua versão para jovens adultos. Leila Rego é a autora do livro “Pobre não tem Sorte”, que considero o melhor chick lit brasileiro. E minha leitura mais recente é o chick lit da jornalista Fernanda França, chamado Nove Minutos com Blanda, que li em poucas horas (sem intervalos) de tão divertido. O gênero ainda é dominado pelas autoras internacionais, minhas preferidas são a irlandesa Marian Keyes, as americanas Meg Cabot e Rachel Gibson e a inglesa Hellen Fielding.
Tem algum livro deste gênero que a gente possa chamar do seu “chick lit de cabeceira”?
Tenho vários preferidos que não empresto, não dou e morro de ciúmes. Mas acredito que “O Diário de Bridget Jones”, um dos percussores e minha primeira leitura do gênero ainda é o meu queridinho, já devo ter lido uma boa dúzia de vezes. Quando estou numa situação engraçada, alguma dúvida profissional ou batalha contra a balança, me pergunto: O que a Bridget faria? A resposta pode não ser muito apropriada, mas com certeza lido com o problema de forma mais positiva. Na minha lista de indicações também nunca faltam: “Férias!” e “Sushi” da Marian Keyes, “Todo garoto Tem” da Meg Cabot, “Sempre ao seu Lado” da Rachel Gibson e “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom” da Sophie Kinsella.
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