28 abril 2010

A Tortura do Silêncio - Alfred Hitchcock

A Tortura do Silêncio

Direção: Alfred Hitchcock
Ano: 1953
País: Estados Unidos
Gênero: Drama, Thriller
Duração: 95 min. / p&b
Título Original: I Confess

Elenco:
Montgomery Clift, Anne Baxter, Karl Malden, Brian Aherne, Roger Dann, Dolly Haas, Charles Andre, O.E. Hasse, Judson Pratt, Ovila Légaré

Sinopse:

Um assassino assume a autoria de um crime durante uma confissão com o padre Michael Logan. Com o início das investigações por parte da polícia, o padre aparece como um dos principais suspeitos, e mesmo sendo ameaçado, ele não pode contar a verdade, em virtude dos princípios impostos pela Igreja.

Criticas:
Um filme "menor" de Alfred Hitchcock nunca é desinteressante. "A Tortura do Silêncio" mostra uma curiosa variação do tema predileto do diretor, o homem acusado de crime que não cometeu.

Aqui os elementos religiosos e a notável atuação de Montgomery Clift dão novas nuances ao tema, assim como a fotografia sombria. O próprio Hitchcock assumia que o resultado final havia ficado excessivamente pesado e controverso, mas o filme preservou sua atualidade e ainda é intrigante.

Hitchcock nunca gostou muito do filme que rodou no Canadá, não se deu bem nem com a estrela que lhe foi imposta, Anne Baxter (ele queria a sueca bergmaniana Anita Bjork), muito menos com Clift. Também teve problemas com a censura, que não permitiu que ele desenvolvesse o romance do padre com a moça.

Na verdade, tocar no assunto do segredo da confissão naquela época, em que a Igreja Católica mantinha a Legião de Decência e tinha força na indústria do cinema, foi uma ousadia.

Hitchcock faz sua pontinha habitual no fim dos créditos, cruzando o alto de uma escada. Feito em locações, o que também que era raro na época, marcando muito a indústria canadense.

A edição em DVD traz como extras o making of "Confissão de Hitchcock": Revendo a Tortura do Silêncio e imagens da pré-estréia canadense do filme. Faz parte da caixa "Coleção Alfred Hitchcock".

Rubens Ewald Filho


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A Tortura do Silêncio traz o peso do catolicismo para Hitchcock


Alfred Hitchcock utilizava o cinema para expiar seus traumas. Assim, o fato de ter passado algumas horas dentro de uma cadeia quando criança - castigo preparado pelo pai por uma desobediência - o deixou traumatizado em relação ao cerceamento da liberdade, especialmente quando o réu não é, de fato, culpado. Em A Tortura do Silêncio, que o canal TCM exibe às 23:30 horas, o mestre do suspense revela o peso do catolicismo que carregou ao longo de sua existência.

No filme, Montgomery Clift interpreta um padre que ouve a confissão de um assassino. Como o criminoso está protegido pelo dogma cristão da inviolabilidade da confissão, o padre desponta como principal suspeito. Para completar o drama, o religioso acredita ser merecedor da ameaça como punição pelo desejo que sente por uma mulher, vivida por Anne Baxter.

A Tortura do Silêncio e o posterior O Homem Errado, com Henry Fonda interpretando um músico também acusado injustamente de um crime, são os filmes em que os críticos se baseiam para realçar o peso do catolicismo na ambiguidade moral presente no cinema de Hitchcock, ex-aluno de jesuítas. Filmes menores em sua carreira, mas melhores que a média.
O Estadao de S.Paulo

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